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5.7.13

Goldman Sachs lucra com a fome especulando com preços dos alimentos



O Goldman Sachs LUCRA $400 milhões de dólares apenas com apostas especulativas com os preços dos alimentos em 2012.

Esse facto provocou a elevação do custo da alimentação global enquanto centenas de milhões de pessoas passam fome no planeta.

Por que é que parece que sempre que há sofrimento humano, existe algum Banco gigante que está a ganhar muito dinheiro com isso? De acordo com um novo relatório do World Development Movement, o Goldman Sachs [GS] ganhou cerca de $400 milhões de dólares ao apostar nos preços dos alimentos no ano passado.


By Michael, 26 de Janeiro de 2013

No geral, 2012 foi um ano e tanto para a bandeira Goldman Sachs. Como foi relatado num artigo anterior, as receitas do GS aumentaram cerca de 30% em 2012 e o preço das acções do Goldman subiram mais de 40% nos últimos 12 meses. Estima-se que  em média o banqueiro do GS ganhou um salário e pacote de bónus de cerca de $396.500 dólares em 2012.

Então, sem dúvida, o Goldman Sachs está a nadar em dinheiro agora. Mas qual é o preço por todo esse “sucesso”? A alegação de que a especulação desenfreada dos preços dos alimentos pelos grandes Bancos aumentou drasticamente o preço global dos alimentos e causou o sofrimento de centenas de milhões de famílias pobres em todo o planeta que se tornou muito pior para muitos. Neste ponto, os preços globais de alimentos aumentaram mais de duas vezes do valor em que estavam por volta de 2003.


Cerca de 2.000 milhões de pessoas no planeta gastam pelo menos metade dos seus rendimentos apenas com comida, e perto de 1.000 milhões de pessoas regularmente não têm comida suficiente para se alimentar. Estará moralmente certo que o Goldman Sachs e outros grandes Bancos, como o Barclays e o Morgan Stanley ganhem centenas de milhões de dólares em apostas sobre o preço dos alimentos (especulando na Bolsa de commodities de Chicago) se irão aumentar os preços globais desse mesmo alimento e tornar mais difícil para as famílias pobres de todo o mundo se alimentarem? E quanto às crianças?

Esta é outra razão pela qual a bolha de derivados é tão ruim para a economia mundial. O Goldman Sachs e outros grandes Bancos estão a tratar o abastecimento global de alimentos, como se fosse uma espécie de jogo de casino qualquer. Este tipo de actividade imprudente foi muito condenado pelo relatório Movimento de Desenvolvimento Mundial…

“O Goldman Sachs é o líder global num comércio que está a impulsionar os preços dos alimentos para enquanto quase 1.000 milhões de pessoas passam fome no planeta. O Banco formou um lobby para a desregulamentação financeira que tornou possível despejar milhares de milhões de dólares nos mercados de derivados de commodities (alimentos como soja, milho, trigo, arroz, etc.) criou os instrumentos financeiros necessários, e agora está no ranking dos  altos 
lucros. A especulação está a alimentar a volatilidade e o aumento de preços dos alimentos, prejudicando as pessoas que se esforçam para comprar comida em todo o mundo’”

Portanto, não deveria haver uma lei contra este tipo de coisas? Bem, nos Estados Unidos realmente existe, mas a lei foi bloqueada pelos grandes bancos de Wall Street e pelos seus advogados muito bem pagos. A seguir, outro trecho do relatório

“Os EUA aprovaram uma legislação para limitar a especulação, mas os controlos não foram implementadas devido a um desafio legal de Wall Street liderada pela International Swaps and Derivatives Association, de que o Goldman Sachs é um dos principais membros. Legislação semelhante está sobre a mesa na UE, mas o governo do Reino Unido até agora opôs-se à adopção de controlos mais eficazes. O Goldman Sachs formou lobbies contra controlos em ambos os continentes, nos EUA e na UE”

Em baixo está um gráfico que mostra que este tipo de actividades especulativas tem causado sobre os preços das commodities ao longo das duas últimas décadas. Vai notar que os preços das commodities estavam relativamente estáveis nos anos 90, mas desde 2000, eles têm sido extremamente voláteis …


A razão para toda essa volatilidade foi explicada num artigo excelente por Frederick Kaufman

“O dinheiro conta a história. Desde o estouro da bolha de tecnologia em 2000, houve um aumento de 50 vezes, em dólares investidos, em fundos de índices de commodities. Para colocar o fenómeno em termos reais: Em 2003, o mercado de futuros de commodities ainda totalizavam uns sonolentos $13.000 milhões em aplicações. Mas, quando a crise financeira global fez os investidores fugirem assustados no início de 2008, (em dólares, libras, e euros) desapareceu a confiança desses investidores, as commodities – incluindo alimentos – ou seja, o preço dos alimentos parecia ser o lugar, último e melhor, para se fazer uma restrição, desde fundos de pensões a fundos soberanos para estabilizar o caixa.

Havia pessoas que não tinham ideia do que as mercadorias comuns (alimentos) repentinamente poderiam ser negociadas como comodities”, declarou um analista do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Nos primeiros 55 dias de 2008, os especuladores despejaram $55.000 milhões de dólares nos mercados de commodities, e em Julho já era de $318.000 milhões o valor que estava a agitar os mercados. A alta inflação nos preços dos alimentos tem permanecido estável desde então”.

O dinheiro fluiu, e os banqueiros estavam prontos com um NOVO e espumante CASINO para jogar, com preços derivados de alimentos. Liderados por preços do petróleo e gás (mercadorias dominantes dos fundos de commodities) os novos produtos de investimento incendiaram os mercados de todas as outras commodities indexadas, o que levou a um problema familiar para aqueles versados na história de tulipas, empresas dot-coms e mercado imobiliário: agora há uma bolha de alimentos. O Trigo vermelho duro 
de Primavera, que geralmente é negociado na faixa dos $4 a $6 dólares por cada 60 libras/galões, quebrou todos os recordes anteriores de aumento de preços, o contrato futuro subiu para a casa das dezenas e continuou a subir até aos $25 dólares. E assim, de 2005 a 2008, o preço mundial dos alimentos subiu 80% e manteve-se  em ascensão.

Ainda não está com raiva? Deveria estar!

Famílias pobres de todo o planeta estão a sofrer para que os banqueiros de Wall Street possam obter maiores, e exorbitantes, lucros. Isto é nojento.


Muitas grandes instituições financeiras, só parecem gostar de ganhar dinheiro em cima das costas dos pobres. Como já foi relatado anteriormente sobre como o JP Morgan consegue milhares de milhões de dólares com a emissão de cartões de vale-refeição, nos Estados Unidos. Quando o número de americanos em tickets de alimentos sobe, cresce também a quantidade de dinheiro que o JP Morgan ganha. Poderá ler mais sobre tudo isso aqui: “Ganhando dinheiro com a Pobreza: JP Morgan tem lucros maiores quando o número de americanos com tickets de alimentação aumenta.

Infelizmente, a oferta global de alimentos está a ficar mais apertada a cada dia que passa, e as coisas estão bastante nefastas no horizonte para os próximos anos.

Segundo as Nações Unidas, as reservas globais de alimentos atingiram o seu nível mais baixo dos últimos 40 anos. As Reservas globais de alimentos não estavam tão baixas como agora, desde 1974, mas a população mundial aumentou consideravelmente desde então. Se 2013 for mais um ano de seca e colheitas ruins, as coisas podem sair do controlo muito rapidamente…

“As reservas mundiais de cereais estão tão perigosamente baixas que o mau tempo nos Estados Unidos ou noutros países exportadores de alimentos poderia provocar uma enorme crise de fome no próximo ano, alertaram as Nações Unidas, em comunicado.

Colheitas em falha nos EUA, na Ucrânia e noutros países, este ano, minaram as reservas para o seu menor nível desde 1974. Os EUA, que tem ondas de calor e secas recordes ocorridas em 2012, passaram a ter reservas num nível historicamente baixo de apenas 6,5% do milho que se espera consumir no próximo ano, diz a ONU.

“Não temos produzido, tanto quanto estamos a consumir. É por isso que as acções estão a ser atropeladas. Os suprimentos estão agora muito baixos em todo o mundo e as reservas estão num nível muito baixo, não deixando espaço para eventos inesperados no próximo ano”, disse Abdolreza Abbassian, ex-economista da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO)”.


O mundo mal foi capaz de se alimentar nos últimos anos. Na verdade, temos consumido mais alimentos do que produzimos durante 6 dos últimos 11 anos… Evan Fraser, autor de 
Empires of Food” (Impérios de Alimentos) e professor de geografia na Universidade de Guelph, em Ontário, no Canadá, diz:

“Em 6 dos últimos 11 anos, o mundo consumiu mais alimentos do que tem produzido. Não temos quase qualquer reserva e as que existem estão a ser consumidas. Os nossos stocks de alimentos estão muito baixos e se tivermos um Inverno seco e uma 
colheita pobre de arroz (China e Índia) poderemos ver uma grande crise alimentar em todo o planeta”

“Mesmo que as coisas não aconteçam neste ano, no próximo Verão já teremos usado estas reservas e os consumidores nas partes mais pobres do mundo serão novamente expostos aos efeitos de qualquer coisa que diminua a produção de cereais”.


Precisamos desesperadamente de uma boa temporada de crescimento de cereais no próximo Verão (Junho de 2013, no Hemisfério Norte), e todos os olhos estão voltados para os Estados Unidos. Os EUA produzem e exportam mais comida do que qualquer outro país, e no Verão passado (de Junho a Setembro de 2012), os Estados Unidos experimentaram a pior seca que já se tinha visto em cerca de 50 anos. Esta seca deixou cicatrizes profundas em todo o país. O texto seguinte é de um recente artigo da revista Rolling Stone

“Em 2012, mais de 9 milhões de hectares de terras ficaram incendiadas no país. Dragagens e apenas alguma chuva impediram o poderoso rio Mississippi de ficar interdito à navegação devido aos baixos níveis de água; contínuas condições de seca fazem com que a “estabilização a longo prazo” dos níveis do rio seja improvável num futuro próximo. Vários dos Grandes Lagos devem chegar aos seus mais baixos 
níveis históricos de água . No Nebraska, no Verão passado, um trecho de 100 km do rio Platte simplesmente secou COMPLETAMENTE.

A seca levou o USDA a declarar áreas de desastre federal em 2.245 municípios, em 39 estados, no ano passado, e o governo federal vai provavelmente ter que pagar dezenas de milhares de milhões de dólares de seguros de colheitas e culturas perdidas. À medida em que os fazendeiros se tornaram cada vez mais desesperados para alimentar o gado e demais animais nas suas fazendas, o “roubo de feno” e outros crimes agrícolas aumentaram.


Os Fazendeiros foram particularmente atingidos. Porque eles não puderam alimentar os seus rebanhos, muitos deles tiveram de sacrificar um número elevado de animais. Como resultado, o gado bovino dos EUA está agora num nível de 60 anos atrás. O que acha que irá acontecer com os preços da carne ao longo dos próximos anos?

Enquanto isso, a seca continua. De acordo com o Monitor de Seca dos EUA, esta é uma das piores secas de Inverno que os EUA já viram. Neste ponto, mais de 60% de toda a nação está a experimentar uma forte seca, actualmente.


Se as coisas não mudarem drasticamente, 2013 poderá ser um ano absolutamente de pesadelo para as culturas de cereais nos Estados Unidos. Se 2013 vier a ser outro 
mau ano, os preços dos alimentos subirão tanto nos EUA como a nível global. O texto seguinte é de um recente artigo da CNBC

“A grave seca que assolou grande parte os EUA no ano passado, continua em 2013, ameaçando o crescimento económico, enquanto força os consumidores a pagar preços mais altos pelos alimentos.

“A seca vai ter um impacto significativo sobre os preços, especialmente na carne de porco, carne bovina e de frango”, disse Ernie Gross, professor de economia na Universidade Creighton, que estuda sobre agricultura e as suas questões”.


Por isso, vamos esperar o melhor, mas vamos também preparar-nos para o pior. Parece que os preços mais elevados dos alimentos estão a caminho, e milhões de famílias pobres em todo o planeta poderão ser duramente afectadas para poderem alimentar-
se  adequadamente. Enquanto isso, o Goldman Sachs vai rir o tempo todo, rumo a mais lucros, e dos grandes.

Thoth3126
5 de Julho de 2013

É permitida a reprodução, desde que mantido no formato original mencionando as fontes.
http://theeconomiccollapseblog.com
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

AdaptaçãoJmf Galizes

4.7.13

Quem Agita o Brasil e Por Quê?




Tal como aconteceu com a Primavera Árabe, em 2010, quando “alguém” agitou as massas populares para alterarem a ordem muçulmana estabelecida no Norte de África e poderem ser alcançados objectivos estipulados, também agora, possivelmente “alguém” poderá ter incentivado a população brasileira a reclamar pelos seus direitos. Mas, quem e por quê? Vale a pena ler o texto que se segue…

«Os protestos de rua no Brasil continuam. A maioria dos que se manifestam não pertencem a qualquer partido político e não têm qualquer líder com quem as autoridades possam negociar para responder com uma solução às exigências. Tudo começou com um grupo de descontentes da classe média, e com residentes das periferias mais pobres, perante um aumento anunciado nas tarifas dos transportes públicos. Os preços já eram altos e o novo aumento despoletou a indignação dos utentes dos transportes públicos nas grandes cidades.

»No Brasil, os transportes públicos são alvo frequente de muitas críticas. Muitos brasileiros despendem um total de 5/6 horas diárias para ir trabalhar e voltar para casa. O descontentamento popular foi estimulado pela divulgação, nas redes sociais, como um movimento que parecia organizado, com muito material de propaganda sobre “gastos milionários de dinheiros públicos” para a construção dos locais e eventos do Campeonato Mundial de Futebol, em 2014; e dos Jogos Olímpicos em 2016. Cartazes escritos à mão apareciam nas manifestações, dizendo que nem todos os brasileiros vivem para o futebol ou recordes olímpicos: “Queremos transporte público moderno, educação de qualidade, serviços de saúde e garantia de emprego”. Ouviram-se também gritos de luta contra a corrupção. O “boom desportivo” aparece quase sempre, na opinião pública, associado com corrupção no Governo e “ligações mutuamente vantajosas” para membros do Governo com empresas construtoras e círculos financeiros, e empresariais em geral. Segundo as primeiras estimativas, as manifestações começaram com um número entre 300 e 500 pessoas que se manifestavam em torno do “Movimento Passe Livre” (MPL). E os protestos continuam (...)

»As convocações para os protestos surgiram em páginas anónimas do Facebook, que “mobilizavam” utentes dos transportes públicos. A origem dessas páginas está a ser investigada, mas ainda não há informações seguras, embora haja várias conjecturas. Por exemplo, no dia 19 de Junho, a página brasileira duma comunidade de “Direitos Humanos” publicou uma foto em que se via o proprietário da empresa, Mark Zuckerberg, exibindo um cartaz em que se podia ler: “Não são os 20 centavos!” #ChangeBrasil!”

»São bem conhecidos os laços que unem o início da carreira empresarial de Zuckerberg à CIA. Os contactos foram muitos e sabe-se que a CIA financiou o início de seu negócio. Zuckerberg tem também contactos estreitos com a Agência de Segurança Nacional dos EUA [orig. U.S. National Security Agency (NSA)], os quais não são segredo para ninguém. Difícil acreditar que Zuckerberg se tenha envolvido por iniciativa própria nos protestos, no Brasil (e ainda mais difícil que tenha passado, repentinamente, a preocupar-se com o preço dos transportes públicos).

»’Slogans’ de “luta para mudar” sempre são bem-
-sucedidos em campanhas nas universidades e instituições de ensino superior. Os estudantes sempre se apresentam como vanguarda na luta pelos direitos sociais e políticos. Como novidade, agora, no caso do Brasil, os manipuladores que actuam nesses sectores não conseguiram, até ao momento, criar lideranças centralizadas em nenhum dos protestos de rua.


»Mas o modo como os serviços secretos dos EUA operam, esse sim, acaba de ser revelado por Edward Snowden: tudo faz crer que a actividade no Brasil e em vários outros países já esteja em andamento, tratada como os EUA tratam o que definem como “ameaça de nível elevado”.

»A contra-espionagem brasileira e os serviços de investigação policial já trabalham no sentido de identificar quem se possa ter infiltrado nos movimentos do Brasil. Também se investiga o “uso hostil” das redes sociais. Mais de 80 milhões de pessoas são utilizadores da internet no Brasil; e 140 milhões usam telemóveis. É claro que ‘slogans’ construídos para desestabilizar o quadro sócio-político no Brasil circulam nessas redes. E há também ONGs, e agentes, que operam através da embaixada dos EUA, como, também, a partir dos escritórios da USAID no Brasil – exactamente como em todo o mundo. 'Blogueiros' brasileiros interessados em estudar as tendências das manifestações já observaram que só houve grandes concentrações populares em cidades nas quais operam gabinetes de representação diplomática, ou comercial, dos EUA – na capital, Brasília; no Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte, e Porto Alegre, dentre as principais.

»Hoje, como se sabe, está a operar no Brasil uma das maiores bases organizadas da CIA e dos serviços secretos militares dos EUA no mundo. O coordenador político dessas operações no Brasil é o Embaixador Thomas Shannon.[1] Pode-se tomar como um facto absolutamente verdadeiro que o embaixador Shannon está ocupado, a tempo inteiro, com o “despertar o gigante sul-americano”.

»Os protestos de Junho continuarão pelo mês de Julho e, em grande medida, já começam a afectar a imagem que o Brasil oferecia ao mundo, de país bem-sucedido no seu projecto de desenvolvimento com orientação social.

»Em Outubro de 2014 haverá eleições presidenciais no Brasil; a actual presidente Dilma Rousseff é candidata a um segundo mandato. Nesse contexto, qualquer acção para desestabilizar o seu Governo é apresentada como tentativa dos adversários políticos, com olhos nas eleições: “Estão nos testando.”

»De início, as autoridades de alguns estados responderam com extrema dureza aos manifestantes. A presidente Rousseff condenou o “uso de força excessiva” pelas Polícias Militares dos estados.

»Há muitos no Brasil que se opõem a “governos de esquerda” e sentem que, nos dez anos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff “o regime corrompeu-se” e que, por isso, tem de ser mudado. Não admitem continuar afastados do poder federal por mais quatro anos. Ao analisar os eventos em curso no Brasil, vários politólogos brasileiros já comentaram que a Presidente e o seu Governo foram colhidos de surpresa pelos acontecimentos, e que a Presidente até teve de cancelar uma visita programada ao Japão. Depois de várias reuniões com ministros e especialistas, a Presidente Dilma adoptou a única via de acção possível: uma rota de conciliação, de não confrontação que atearia ainda mais as paixões. Disse, essencialmente, que apoia os manifestantes. Em comunicado ao país, pela televisão, disse que se orgulha de tantos brasileiros desejarem lutar por um futuro melhor para o país. Enfatizou que em nenhum caso admitiria que se realizassem eventos desportivos internacionais à custa de verbas públicos retiradas de programas sociais.

»Na tentativa para conter a onda de protestos, Dilma Rousseff sugeriu que se realizasse um “plebiscito” cujas decisões orientarão uma reforma política de fundo a ser feita no país. O plebiscito deve levar, posteriormente, à convocação duma Assembleia Constituinte, com poderes para alterar amplamente a Constituição vigente. Todos esses planos enchem de preocupações as elites financeiras brasileiras. A oposição à Presidente Dilma entende que “o projecto Lula-Dilma de modernização sócio-política” os levará na direcção dum “regime populista” semelhante ao de Hugo Chávez.

»O Governo de Obama já está a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para impedir tal coisa.
»Hoje, está a criar a Aliança Pacífica,[2] unindo quatro países da região – México, Colômbia, Peru e Chile – sob o comando dos EUA. Do ponto de vista de Washington, a Aliança Pacífica, dentre outros efeitos, ajudará a limitar a influência do Brasil no hemisfério ocidental e criará “um poderoso contrapeso geo-estratégico à expansão do Brasil”. Sob vários pretextos, o Pentágono está a organizar exercícios armados conjuntos com países vizinhos do Brasil – Trindade e Tobago, Suriname, Guiana e Peru. Na essência os EUA estudam um futuro teatro de operações militares. A 4.ª Frota dos EUA patrulha as regiões do Oceano Atlântico próximas dos depósitos de petróleo da plataforma continental brasileira. Os EUA farão todos os esforços para enfraquecer os aliados e parceiros do Brasil na região, a começar por: Venezuela, Equador, Nicarágua e Cuba. A reaproximação entre a OTAN e a Colômbia também se explica, em parte, como projecto para criar mais um “factor de pressão” sobre o Brasil.

»Os protestos continuam. Começam a aparecer também detalhes sobre as condições desumanas em que vivem as populações ao redor dos estádios (dos antigos e dos que estão a ser construídos) e sobre a violência das “desocupações” e operações para “limpar” as áreas dos elementos considerados “perigosos”, com imagens da forma como as casas dos mais pobres estão a ser demolidas para construção de novas edificações, sem as necessárias indemnizações aos proprietários anteriores. O Governo central  está a ter de responder por acções de governadores e prefeitos, autoridades locais.

»Os eventos no Brasil estão a ser acompanhados pelos meios de comunicação ocidentais em todos os detalhes. Politólogos avaliam a acção das várias imprensas locais como operação deliberada para comprometer a imagem do Brasil e a capacidade do país para organizar grandes eventos desportivos internacionais. Não faltou sequer quem dissesse que o Campeonato Mundial de Futebol devesse ser cancelado, por não poder, o país, dar garantias de segurança aos jogadores e espectadores.

»O que se viu agora, na “Taça das Confederações” pode ser considerado como um ensaio geral do que será presenciado em futuros eventos desportivos no Brasil. Tudo para pressionar o país, em questões e interesses que nada têm a ver com o desporto...»

Fonte:
[Manifestações BR] Quem Agita o Brasil e Por Quê?

Strategic Culture: Who is Shaking Up Brazil and Why

Referências:
[1] Sobre ele, ver http://portuguese.brazil.usembassy.gov/pt/ambassador.html. Sobre seus contatos no Brasil, ver, dentre outros telegramas e artigos, 26/11/2012, “WikiLeaks – “Serra e o PSDB, contra a Petrobras”, em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2011/11/wikileaks-serra-e-o-psdb-contra.html; 6/12/2010, “EUA tentaram usar Saito e Jobim para venda dos caças”, em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2010/12/brazil-eua-tentaram-usar-saito-e-jobim.html, dentre outros muitos telegramas Wikivazados [NTs].
[2] Ver 31/5/2013, “Jean-Luc Mélenchon: URGENTE! Impedir o acordo secreto entre UE e EUA (TTIP)” traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/05/jean-luc-melenchon-urgente-impedir-o.html [NTs].