
«Ocupar Wall Street: que outro movimento político contemporâneo soube ganhar a simpatia e/ou apoio da maioria dos americanos em menos de dois meses? Como foi isto possível? Eu creio que esta revolta se formou lentamente ao longo do tempo e através dos Estados Unidos desde o dia em que Reagan mandou despedir os controladores de tráfego aéreo.* Esta gestação silenciosa culminou em 17 de Setembro de 2011, quando um grupo de pessoas, composto maioritariamente por jovens, decidiu passar directamente à acção. Isso, sem dúvida, tocou num ponto nevrálgico e gerou uma onda de choque em todo o país. O que esses jovens estavam a fazer era aquilo que dezenas de milhões de pessoas desejavam fazer. Pessoas que perderam os seus empregos, as suas casas, o seu "sonho americano". Esses milhões fizeram uma catarse entusiasmando um montão de insolentes que se plantaram em Wall Street a gritar: "Daqui não saímos até que nos devolvam o nosso país!"
»Ainda bem que não criaram uma organização formal com regras hierárquicas, quotizações, estruturas, líderes carismáticos e porta-vozes oficiais – todas essas coisas que os pais lhes disseram que deveriam fazer se desejassem conseguir alguma mudança – esses jovens abriram um espaço no qual as pessoas puderam sentir-se parte de uma rebelião pelo simples facto de estarem a apoiá-la. Quer ocupar o Banco local? Avance! Quer ocupar a Reitoria da Universidade? Isso mesmo! Quer ocupar Oakland, Cincinnati, Grass Valley? Fantástico! Este é o seu movimento, poderá fazer com ele o que quiser.
»No passado, quando se queria lançar um novo movimento, primeiro era preciso alertar o povo sobre os problemas que se procuravam resolver, e depois havia que mobilizar as pessoas para aderirem à causa. Transformar a América numa nação não-racista, pacífica e livre de preconceitos sexistas ou homofóbicos levou anos – e, no entanto, ainda há muito por fazer. Mas o movimento dos Ocupas não teve que fazer nenhum esforço para nos convencer de que Wall Street é dominado pela ganância, que a única coisa que importa aos Bancos é o dinheiro ou que as grandes multinacionais apenas querem espremer os trabalhadores. Qualquer pessoa entende isso, mesmo aqueles que se opõem aos Ocupas de Wall Street. A parte mais difícil de qualquer movimento jovem – obter uma maioria – foi conseguida. As pessoas estão connosco. E agora?
»Ainda bem que não criaram uma organização formal com regras hierárquicas, quotizações, estruturas, líderes carismáticos e porta-vozes oficiais – todas essas coisas que os pais lhes disseram que deveriam fazer se desejassem conseguir alguma mudança – esses jovens abriram um espaço no qual as pessoas puderam sentir-se parte de uma rebelião pelo simples facto de estarem a apoiá-la. Quer ocupar o Banco local? Avance! Quer ocupar a Reitoria da Universidade? Isso mesmo! Quer ocupar Oakland, Cincinnati, Grass Valley? Fantástico! Este é o seu movimento, poderá fazer com ele o que quiser.
»No passado, quando se queria lançar um novo movimento, primeiro era preciso alertar o povo sobre os problemas que se procuravam resolver, e depois havia que mobilizar as pessoas para aderirem à causa. Transformar a América numa nação não-racista, pacífica e livre de preconceitos sexistas ou homofóbicos levou anos – e, no entanto, ainda há muito por fazer. Mas o movimento dos Ocupas não teve que fazer nenhum esforço para nos convencer de que Wall Street é dominado pela ganância, que a única coisa que importa aos Bancos é o dinheiro ou que as grandes multinacionais apenas querem espremer os trabalhadores. Qualquer pessoa entende isso, mesmo aqueles que se opõem aos Ocupas de Wall Street. A parte mais difícil de qualquer movimento jovem – obter uma maioria – foi conseguida. As pessoas estão connosco. E agora?
»Em primeiro lugar, o que não fazer. Ocupar Wall Street não deve tornar-se numa organização burocrática, com escritórios e estruturas hierárquicas, isso iria destruí-la. Os Baby boomers que cresceram dentro desse tipo de organizações têm que se refrear um pouco e não tentar limitar o movimento dentro do velho paradigma de "enviamos alguém ao Congresso e, depois, criamos um lobby para aprovar as leis que queremos." Deixemos os Ocupas de Wall Street seguir o seu caminho. Certamente, os candidatos a cargos públicos de que precisamos estarão dentro do movimento (será você um deles? Por que não? Alguém terá que ser, e é melhor para si), e as leis que são necessárias para que este país se torne mais justo chegarão a seu tempo. Não me refiro a décadas: algumas leis serão aprovadas ainda este ano. O principal candidato para representante do meu distrito, em Flint, Michigan, está empenhado em lutar, uma vez eleito, para afastar o dinheiro da política. Outros candidatos seguiram o seu exemplo. Temos que votar neles e, em seguida, garantir que mantêm a sua palavra. Os Ocupas devem prosseguir como um movimento decidido e frontal ocupando Bancos, sedes, conselhos de administração, campus universitários e a mesmíssima Wall Street. Temos que montar assaltos não violentos em Wall Street todas as semanas, ou mesmo todos os dias. Não fazem ideia de quantas pessoas estariam dispostas a viajar até Nova Iorque, vindas de todo o país, para participar nas ondas de detenções em massa quando eles/nós tentamos fechar a porta a essa máquina assassina e à roubalheira que é Wall Street. A cada ano, 45.000 pessoas morrem por não ter seguro de saúde. Não acha que elas devem ter familiares, amigos, vizinhos e membros das suas comunidades que estejam indignados com isso? E os 4 milhões de compatriotas que têm que entregar as suas casas aos Bancos? Creio que não será muito difícil reunir alguns deles para que venham reclamar o encerramento de Wall Street!

»É importante, no entanto, lembrar o óbvio: o objectivo dos Ocupas de Wall Street é ocupar Wall Street. Os restantes "Ocupas" que surgiram por solidariedade em todo o país podem atacar os tentáculos, e os sintomas da besta, mas a cabeça do monstro tem que ser cortada no seu covil. Este localiza-se na baixa de Manhattan, o lugar onde o movimento começou e onde deve permanecer.
»Os nossos jovens – o coração e a alma deste movimento – que há anos temos vindo a ver bater com a cabeça nas paredes do poder, caminhando vezes sem conta para Washington, a enviar cheques aos grupos ambientalistas, tornando-se vegetarianos, etc. O que tiraram a limpo de tudo isto é que eles serão a primeira geração a estar pior que a dos seus pais. No entanto, ainda continuam a gostar de nós (o que é notável, considerando o mundo desastroso que lhes vamos deixar como herança), mas seguiram um caminho diferente do nosso. Não sabem onde esse caminho os irá levar, mas essa é precisamente a beleza dos Ocupas de Wall Street. Os milhões de indivíduos que querem fazer parte desta aventura sabem que não têm alternativa: são mais que os homens de Wall Street, que agora ocupam os Estados Unidos. Sabem, por isso, que só lhes resta a vitória.»
»Os nossos jovens – o coração e a alma deste movimento – que há anos temos vindo a ver bater com a cabeça nas paredes do poder, caminhando vezes sem conta para Washington, a enviar cheques aos grupos ambientalistas, tornando-se vegetarianos, etc. O que tiraram a limpo de tudo isto é que eles serão a primeira geração a estar pior que a dos seus pais. No entanto, ainda continuam a gostar de nós (o que é notável, considerando o mundo desastroso que lhes vamos deixar como herança), mas seguiram um caminho diferente do nosso. Não sabem onde esse caminho os irá levar, mas essa é precisamente a beleza dos Ocupas de Wall Street. Os milhões de indivíduos que querem fazer parte desta aventura sabem que não têm alternativa: são mais que os homens de Wall Street, que agora ocupam os Estados Unidos. Sabem, por isso, que só lhes resta a vitória.»
* NOTA DO EDITOR: Em 5 de Agosto de 1981, o presidente Ronald Reagan ordenou o despedimento de 11.345 controladores aéreos em greve que se negaram a retomar as suas tarefas. De alguma forma, este episódio marcou o início das Reaganomics, a política de regulamentações pro-mercado de Reagan.
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