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22.11.11

Porque começa a faltar o pão na Europa?

   Já disse mais do que uma vez que "casa onde não há pão todos brigam e ninguém tem razão".
   Mas porque será que não há pão? Não o há por dois motivos: o primeiro é porque toda gente quer mandar e gerir o poder financeiro a nível mundial e a "padaria" está a abanar e a ruir; o segundo, é porque com estas guerras, muitas famílias ficam sem o seu sustento e sem os seus alimentos...
   Vejamos as informações que se seguem:




O Presidente dos EUA considera que a Europa não está a fazer o «suficiente» para resolver a crise da dívida. Uma declaração que surge depois de Barack Obama ter dito que a crise no Velho Continente «está a assustar o mundo».

A pressão da maior economia do mundo está assim a aumentar de tom: «Na Europa, não os temos visto [aos líderes] a lidar com o sistema financeiro e com a banca de forma tão eficaz como seria necessário», apontou Obama, citado pela Reuters.

Já na terça-feira o presidente norte-americano tinha dito que as autoridades europeias estavam a demorar a responder às necessidades imediatas de resolução da crise da dívida. 

Ao mesmo tempo, Obama admitiu que os problemas fiscais e financeiros da Europa têm contribuído para enfraquecer a recuperação económica dos EUA.

Logo naquele dia, as declarações de Obama provocaram reacção no Velho Continente. O presidente do Eurogrupo respondeu que não aceita «lições que atravessam o Atlântico», lembrando que foi nos EUA que a crise teve início e não na Grécia, Irlanda ou Portugal.

Fonte: TVI 24




Muitos dos homens que fabricaram o desastre foram chamados agora para tomar as rédeas de postos chaves e com a missão de reparar, ao custo do bem--estar da população, as consequências dos calotes que eles mesmos produziram. O Banco de investimentos Goldman Sachs conseguiu uma façanha pouco frequente na história política mundial: colocar os seus homens na direcção dos governos europeus e do Banco que rege os destinos das políticas económicas da União Europeia. Mario Draghi, o actual presidente do BC Europeu, Mario Monti, presidente do Conselho Italiano, Lukas Papademos, o novo Primeiro-Ministro grego, todos pertencem à galáxia do Goldman Sachs. O artigo é de Eduardo Febbro.

Goldman Sachs: como criar uma crise e governar o mundo
A história poderia satisfazer a todas as expectativas dos adeptos das teorias da conspiração: onde está o poder mundial? A resposta cabe num nome e num lugar: na sede do Banco de investimentos Goldman Sachs. O Banco norte-americano conseguiu uma façanha pouco frequente na história política mundial: colocar os seus homens na direcção dos governos europeus e do Banco que rege os destinos das políticas económicas da União Europeia. Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu, Mario Monti, o presidente do Conselho Italiano que substituiu a Silvio Berlusconi, Lukas Papademos, o novo primeiro ministro grego, todos pertencem à galáxia do Goldman Sachs. 

Desses três responsáveis, dois, Monti e Papademos, formam o anexo avançado da política pela tecnocracia económica, pertencem à rede que o Goldman Sachs teceu no Velho Continente e, em graus diversos, participaram nas mais truculentas operações ilícitas orquestradas pela instituição norte-americana. Além do mais, não são os únicos. Pode-se também mencionar Petros Christodoulos, hoje à frente do organismo que administra a dívida pública grega e que no passado recente foi presidente do Banco Nacional da Grécia, a quem o Goldman Sachs vendeu o produto financeiro hoje conhecido como “swap” e com o qual as autoridades gregas e o Goldman Sachs orquestraram a maquilhagem das contas gregas.

O dragão que protege os interesses de Wall Street conta com homens chave nos postos mais decisivos, e não só na Europa. Henry Paulson, ex-presidente do Goldman Sachs, foi em seguida nomeado Secretário do Tesouro norte-americano, ao passo que William C. Dudley, outro alto funcionário do Goldman Sachs, é o actual presidente da Reserva Federal de Nova Iorque. Mas o caso dos responsáveis europeus é mais paradigmático. A palma de ouro quem leva é Mario Draghi, o actual presidente do Banco Central Europeu, que foi vice presidente do Goldmann Sachs para a Europa entre 2002 e 2005.

Neste posto, Draghi teve um desempenho mais do que ambíguo. O título do seu cargo era “empresas e dívidas soberanas”. Precisamente nesse cargo Draghi teve como missão vender o produto incendiário “swap”. Este instrumento financeiro é um elemento determinante na ocultação das dívidas soberanas, quer dizer, na maquilhagem das contas gregas. Esse engodo foi a astúcia que permitiu que a Grécia se qualificasse para fazer parte da zona do euro. Tecnicamente e com o Goldmann Sachs como operador, tratou-se de então de transformar a dívida externa da Grécia numa dívida em euros. Com isso, a dívida grega desapareceu dos balanços negativos e o Goldmann Sachs ganhou uma vultuosa comissão.

Depois, em 2006, o Banco vendeu parte desse pacote de swaps ao principal Banco comercial do país, o Banco Nacional da Grécia, dirigido por outro homem do Goldmann Sachs, Petros Christodoulos, ex-trader do Goldmann Sachs e... actualmente director do organismo de gestão da dívida da Grécia, que o mesmo e os já mencionados contribuíram para primeiro mascarar e depois, incrementar. Mario Draghi tem um histórico pesado. O ex-presidente da República italiana Francesco Cossiga acusou Draghi de ter favorecido o Goldmann Sachs em contratos importantes, quando Draghi era director do Tesouro e a Itália estava em pleno processo de privatizações.

O certo é que o agora presidente do Banco Central Europeu aparece massivamente indicado como o grande vendedor de swaps em toda a Europa.

Nessa confusão de falsificações surge o chefe do executivo grego, Lukas Papademos. O Primeiro-Ministro foi governador do Banco Central grego entre 1994 e 2002. Esse é precisamente o período em que o Sachs foi cúmplice de ocultação da realidade economiza grega e, enquanto responsável pela entidade bancária nacional, Papademos não podia ignorar o engodo que estava montando. As datas em que o cargo coincide com a operação da montagem. Na lista de notáveis Mario Monti segue-o. O actual presidente do Conselho Italiano foi conselheiro internacional do Goldmann Sachs desde 2005.

Em resumo, muitos dos homens que fabricaram o desastre foram chamados agora para tomar as rédeas de postos chaves e com a missão de reparar, ao custo do bem-estar da população, as consequências dos calotes que eles mesmos produziram. Não cabe dúvida de que existe o que os analistas chamam de “um governo Sachs europeu”.

O português António Borges dirigiu até há pouco – acaba de renunciar – o Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional. Até 2008, António Borges foi vice presidente do Goldmann Sachs. O desaparecido Karel Van Miert – belga – foi Comissário Europeu da Concorrência e também um quadro do Goldmann Sachs. Ottmar Issing foi sucessivamente presidente do Bundesbank alemão, conselheiro internacional do Sachs e membro do Conselho de Administração do Banco Central Europeu. Peter O’Neill é outro homem do esquema: presidente do Goldmann Sachs Asset Management, O’Neill, apelidado de “o guru” do Goldmann Sachs, é o inventor do conceito de BRICS, o grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O’Neill é acompanhado por outro peso pesado, Peter Sutherland, ex-presidente do Goldmann Sachs Internacional, membro da secção “Europa” da Comissão Trilateral – o mesmo que Lukas Papademos – ex-integrante da Comissão da Concorrência na União Europeia, Procurador Geral da Irlanda  e mediador influente no plano que culminou com o resgate da Irlanda.

Alessio Rastani tem toda a razão. Este personagem que se apresentou perante o BC como um trader disse há algumas semanas: “os políticos não governam o mundo. O Goldmann Sachs governa o mundo”. A sua história é disso um exemplo, de jogo duplo, como as das personalidades e carreiras dos braços mundiais do Goldmann Sachs. Alessio Rastani disse que ele era um trader londrino, mas que depois se descobriu que não o era e poderia ser parte do Yes Men, um grupo de activistas que, através da caricatura e da infiltração mos meios de comunicação, denunciam o liberalismo.

Entrará para as páginas da história mundial da impunidade a figura desses personagens. Empregados por uma firma norte-americana, eles orquestraram um dos maiores calotes já conhecidos, cujas consequências hoje estão a ser pagas. Foram premiados com o leme da crise que eles produziram.

Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: Portal Luís Nassif

   Conclusão: Por muito que nos queiram fazer crer que a culpa da situação que se está a viver na Europa é da responsabilidade dos povos que não sabem viver e dos políticos corruptos que não sabem governar, a verdade é que nem tudo é o que parece e nem podemos acreditar em tudo o que nos dizem.
   Não sei, ainda, qual a solução para resolver a actual situação, ou, eventualmente, até saberei! Mas o meu ponto de vista é demasiado radical para as mentes actualmente instaladas no poder me levarem a sério e por isso deixo uma porta aberta à consciência de cada um para ter a vontade de querer mudar o actual padrão de vida e também o rumo pelo qual a nossa sociedade está a enveredar.
   Uma coisa é certa, a Europa tem que voltar a ser social em vez de procurar ser liberal. Outrora no Velho Continente os ideais que levaram à construção da unidade europeia eram distintos do comunismo soviético e do liberalismo americano, hoje está tudo junto e misturado e o resultado é o que está à vista!
   Assim, sugiro que encontremos formas de lutar contra o que nos está a suceder para conseguirmos sair do buraco para onde nos estão a querer empurrar...
João Galizes

18.11.11

Casa onde não há pão...


   Diz o antigo ditado: Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. E o pão está a acabar em muitos lares da Europa...

   Meus amigos, quer queiramos quer não, nós europeus, temos necessidade de passar a olhar uns para os outros de forma diferente da que fazemos hoje. Estamos juntos, mas, separados ao mesmo tempo. Continuamos nacionalistas, a olhar unicamente para o próprio umbigo, como se não fôssemos todos responsáveis pelo que nos acontece e pelo que acontece aos outros!
   Enquanto imperar o egoísmo no seio dos estados-
-membros da UE, ao invés de se salvarem alguns como querem pretender, iremos todos cair no charco.
   Já o disse, e volto a repetir, precisamos criar uma verdadeira união onde os eurodeputados não sejam meros elementos decorativos, juntamente com um presidente do Conselho Europeu e um presidente da Comissão Europeia que de mãos atadas têm de se render às vontades de apenas dois estados-membros, os quais tomam decisões por todos os outros.
   Precisamos inventar uma língua comum e lembrarmo-
-nos que foi por causa dos nacionalismos que a Europa sempre viveu em guerra.
   É chegada a hora da pacificação onde ninguém é superior a ninguém. Vejamos a seguir um exemplo, que é o espelho de como os alemães se vêem perante os outros, mas, de como afinal somos todos apenas células do mesmo corpo. Não adianta guerrearmos, o melhor é cooperarmos. O que prejudica um faz mal a todos e o que ajuda uns beneficia a todos.

   Esta carta aberta foi escrita por um cidadão alemão dirigida ao povo grego responsabilizando-o pela situação da Europa e publicada na revista alemã Stern. A resposta veio a seguir, dada por um grego, mostrando como uma visão deturpada muda toda a realidade.
João Galizes

Depois da Alemanha ter tido de salvar os Bancos,
agora tem de salvar também a Grécia

Os gregos, que primeiro fizeram alquimias com o euro,
agora, em vez de fazerem economias, fazem greves!

   Caros gregos,
   Desde 1981 pertencemos à mesma família.
  Nós, alemães, contribuímos como mais ninguém para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.
   Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro e durante tanto tempo.
   Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos.
   O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
   No essencial, nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da UE são o povo que mais gasta em bens de consumo.
   Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a fugir, durante anos, aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.
   Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
   Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!!!

   Na semana seguinte, a revista Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Wuelleenweber:

    Caro Walter,
   Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente e por insulto, se referem a nós, aos meus compatriotas, os teus compatriotas.
   O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que é por dia, como te querem fazer crer no teu país. Repara que ganho um valor que nem sequer é apenas inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
   Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas auto-estradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc... Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da UE, os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.
   A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para isso contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.
   Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da zona-
-euro, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO
.
    Estimado Walter,
  Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.
   Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:
1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-
-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares.
3. Os empréstimos em obrigações que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3.500 milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7.100 milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As incomensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38.960 executados, 12.000 mortos como dano colateral, 70.000 mortos em combate, 105.000 mortos em campos de concentração na Alemanha, 600.000 mortos de fome, etc. etc.).
6. A tremenda e incomensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.

   Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o.
   Mas, mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
   Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6.500 milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.
 Mas vocês, Walter, como se irão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por aí os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?
 Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes ”compatriotas” da zona-euro) pretendem que saiamos da Europa, da zona-euro e não sei mais de onde.
   Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.
   E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia:
EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!!
   Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
   E EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente,

Georgios Psomás

Fonte: Recebido por e-mail

Como diríamos em Portugal: "Ou há moralidade ou comem todos!"
   
   Não nos esqueçamos que em Portugal a megalómana e desnecessária obra do TGV também era uma imposição alemã (Siemens), falta-me descobrir se a imperiosa, mas desnecessária, construção do novo aeroporto de Lisboa também teria o dedo dos alemães!

  Todos precisamos de ser respeitados, respeitemos, pois, os outros...

10.11.11

Quem serão os verdadeiros vilões?

Quem serão os verdadeiros vilões no meio deste salve-se-quem-puder?
«Alemanha e França têm discutido, nos últimos meses, a redução da zona euro. A informação é avançada pela Reuters.
A agência noticiosa cita responsáveis europeus em Bruxelas, que relatam que Angela Merkel e Nicolas Sarkozy têm tido "intensas consultas sobre esta questão".
"Temos de ser cuidadosos, mas a verdade é que é preciso estabelecer uma lista exacta daqueles que não querem fazer parte do clube do euro e daqueles que simplesmente não podem fazer parte deste clube", afirmaram as mesmas fontes à Reuters.»

Expresso, 9.11.11

   Diz o ditado português: "Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão".
   A União Europeia ainda não estava preparada para se chamar "União", começou como Comunidade Económica do Carvão e do Aço e já tinha avançado até Comunidade Europeia, mas não é uma verdadeira união pois pois a decisões neste momento já não são tomadas a 27 mas, sim, pela Comunidade Merkozy! Não era este o rumo que os criadores da unidade europeia tinham ao planearem a aproximação dos diversos países. O alargamento a diversos estados-membros foi sendo feito conforme o interesse económico alemão e agora querem fugir às suas responsabilidades? No meu país também existe outro ditado: "Quem comeu a carne que roa, agora, também os ossos!" Pois é, não se pode fazer apenas o que se quer mas, sim, o que tem que ser feito. Isso significa uma verdadeira construção europeia e não apenas de interesses económico-financeiros de poucos países em cima de muitos...
   Os governantes da Grécia, e não apenas o sr. Papandreou, têm responsabilidades acrescidas, a Itália e o sr. Berlusconni têm gravíssimas responsabilidades, e outros ainda terão mais; no entanto, estas cabeças tiveram de rolar porque alguém tem de ser considerado bode expiatório, assim como os povos de Portugal e da Irlanda estão a pagar e a sofrer as consequências por causa de governantes sem escrúpulos adeptos do faça-
-cada-um-o-que-quiser-enquanto-isso-puder-ficar-oculto. Controlo e fiscalização de forma rigorosa não existiam, pois toda a gente andava a lucrar dalguma forma com todas essas negociatas. E agora penalizam-se nações inteiras por culpa de todos os governantes da União, porque, voltando aos ditados, na minha terra também se diz que "tão ladrão é o que rouba como o que fica à porta". E, muitos são os que têm roubado e outros tantos aqueles que têm ficado, impávidos e serenos, à porta, assistindo aos roubos descarados dos outros sem nada fazerem para os impedir...

   Isto não pode ser assim, todos os políticos têm que ser responsabilizados em vez de serem autorizados a continuarem a brincar com a vida das populações. É chegada a hora de serem criminalizados os políticos irresponsáveis... É necessário exigirmos que os verdadeiros culpados pela actual situação sejam culpabilizados, julgados e condenados. Os povos não são meras peças de xadrez, nem tampouco marionetas, para serem movimentadas a bel-prazer de quem quer que seja!

G2: Comunidade Merkozy

Que pena!


Que pena!

   Pensei que o sr. Giorgos Papandreou fosse mais corajoso e conseguisse mostrar aos "donos" da União Europeia que os pequenos também conseguem contrariar a hegemonia ditatorial dos pseudo-fortes!
   Mas, como se deixou convencer e se deu por vencido, por enquanto continua tudo, quase, como se estivesse na mesma... até que o comboio desenfreado, conduzido pela maquinista e pelo foguista, já sem freios, não consiga travar antes de embater no muro, que talvez seja o de Berlim!
Grécia de luto pelas decisões da UE


Bandeira da desUnião Europeia


2.11.11

Abençoada Atenas...


Abençoada Atenas,
abençoado algoz dos criminosos financeiros

Foi na Grécia que surgiu o conceito de democrácia* (como os gregos pronunciam), quem sabe também não seja esse país a trazer-nos o fim do neo-liberalismo e da especulação monetária como se nos apresenta actualmente e a proporcionar-nos o início da liberdade financeira! Ou de outra tendência qualquer rumo à liberdade e ao respeito pelos seres humanos…
Os mercados! Os mercados! Os mercados… é só o que se ouve. “Como poderão os mercados ter confiança na economia europeia depois da atitude grega ao propor, o seu Primeiro-Ministro, um referendo ao seu povo para que se pronuncie sobre as consequências da ajuda externa nos actuais moldes desastrosos” Este é um dos muitos comentários, é um daqueles pronunciado por economistas que pensam que o dinheiro existe por si só, como se não houvesse pessoas (escravos) a produzir( ainda mais) riqueza para que um pequeno grupo (feudo) incremente ainda mais miséria no seio da população mundial.
Os “mercados” são conjuntos de especuladores financeiros que “se regozijam” enchendo a sua carteira à custa dos sacrifícios de populações inteiras. Essas populações trabalhadoras, ou de desempregados, vêem cada vez mais reduzidas as suas condições de vida apenas porque alguém decide, a seu bel-prazer, aumentar os juros dos empréstimos por forma a aumentar o seu vasto pecúlio financeiro.
Basta de hipocrisia, invente-se uma nova União dos Europeus pois a actual (des)União Europeia não contempla as necessidades dos seus povos mas sim apenas os benefícios de alguns…


Uma verdadeira União da Europa necessitaria que os diversos povos que compõem a manta de retalhos que somos não estivessem apenas virados para o seu próprio umbigo. Será necessário que se aceitem e se apoiem uns aos outros, é preciso que, embora mantendo as diversas línguas nacionais, adoptem uma língua neutra** para se comunicarem entre si, em vez de se exprimirem numa Torre de Babel chamada Parlamento Europeu! É preciso que os governantes de cada país abandonem os seus interesses pessoais e entreguem as decisões europeias a um Governo Federal… Enfim, é necessário que se pense mais nas pessoas que nos lucros dos negócios da comercialização de bens materiais e na especulação financeira, que mais não é do que um roubo autorizado e disfarçado.
A revolução de mentalidades é necessária agora, neste momento a que decidiram chamar “crise”, mas que é uma boa oportunidade de mudança, assim o queira a boa vontade de todos.

* Democracia, significa governo do povo, coisa que não acontece hoje, onde ao povo apenas pertence o voto para eleger os governantes, mas onde o poder de decisão pertences a estes e não a quem os escolhe!

** Deverá ser criada uma nova língua para o espaço europeu em vez dos povos se comunicarem entre si numa das línguas já existentes, para que não haja benefícios duns em detrimento doutros.

31.10.11

Homenagem ao Povo grego


A todos os gregos que têm a coragem de enfrentar as adversidades que lhes estão a impor dedico o meu voto de força e coragem para lutarem contra a ameaça alemã, como o lusitano Viriato lutou contra o exército romano...
o único problema é que os romanos venceram Viriato pela traição, assim como me parece que os alemães também possam vencer todos os outros pelas costas!




Vangelis: o Céu e o Inferno:



19.10.11

A crise das dívidas


Grécia
A Crise das Dívidas
Escrito por Felipe Alegría (Espanha)

Fechámos este artigo em plena turbulência financeira, que reflecte um forte recrudescimento da crise económica mundial. Em 8 de Agosto, as bolsas mundiais despencaram, “evaporando-se” US$ 2,5 triliões num dia, que afectaram especialmente as acções dos Bancos. Em Agosto, os principais Bancos da zona euro perderam entre 20% e 30% do preço de suas acções. Os grandes Bancos revivem as cenas de pânico de quando o Lehman Brothers afundou. A dívida pública norte-americana perdeu a avaliação máxima de crédito, no meio duma aguda crise política em Washington. Todos os dados indicam que a vacilante recuperação da economia mundial se estanca e surge nova ameaça de uma recessão geral. Na Europa, a crise da dívida acelerou-se a ponto do fantasma da falência já ter alcançado a Espanha, Bélgica e Itália (30% da economia da zona-euro) e ter começado a contagiar a França, segunda economia europeia.
A crise da dívida soberana
Com efeito, a crise da dívida soberana europeia está descontrolada e ameaça seriamente a sobrevivência da zona-euro e da própria União Europeia (UE). Esta crise é parte central da crise capitalista mundial. Na realidade, agora é o seu elo mais frágil.
A origem mais imediata da crise da dívida deve ser procurada no estouro da enorme bolha que, em 2007, pôs um fim abrupto a anos de desenfreada especulação financeira mundial. O estouro pôs o sistema financeiro global a um passo do abismo e a economia à beira de uma nova “Grande Depressão”. Os governos imperialistas lançaram, naquele momento, uma operação massiva, historicamente inédita, de salvamento dos banqueiros, comprometendo enormes somas de fundos públicos, que superaram 20 % do PIB mundial.
Com isto, conseguiram ganhar tempo, impedir que a situação afundasse e que o controlo saísse das suas mãos. O que não conseguiram foi inverter a crise. Para consegui-lo, o capitalismo não inventou outra solução a não ser a destruição massiva de capitais, a paralisação e o desmantelamento do nível de vida e dos direitos dos trabalhadores. Só assim pôde recuperar as taxas de lucro que permitiriam abrir um novo ciclo histórico de crescimento.
A intervenção dos Estados, no entanto, deu lugar a uma nova fase da crise: a da dívida pública, que afecta em particular os grandes países imperialistas, EUA (com um terço do total mundial), Europa e Japão. Concentra-se com muita violência na Europa, em especial na sua periferia.
A situação europeia
Não é por acaso que a crise da dívida se concentra na zona-euro. A União Monetária Europeia surgiu com base na hegemonia do capitalismo alemão, em conjunto com o capitalismo francês (principal sócio e concorrente). Mas a zona-euro também agrupa no seu interior países da periferia europeia economicamente muito mais frágeis e subordinados comercial e financeiramente. O euro não é a moeda de um Estado único, mas sim a divisa de uma associação de Estados tremendamente desiguais entre si, com seus próprios interesses, prioridades e orçamentos. O orçamento europeu não chega sequer a 2% do PIB da UE.
Nestas condições, a moeda única tornou-se um instrumento privilegiado do capitalismo alemão e francês para reforçar o seu domínio na Europa. A periferia da zona-euro consolidou-se como um grande mercado para a exportação das suas multi-nacionais e o destino de enormes investimentos financeiros dos seus Bancos, que serviram para sustentar os grandes deficits comerciais, insuflar a bolha imobiliária (Espanha e Irlanda) e inclusive para facilitar os investimentos das multi-nacionais espanholas na América Latina.
O papel da Alemanha
O euro foi decisivo para consolidar a Alemanha como a grande potência europeia. Isso está associado à sua reafirmação como grande economia exportadora e, paralelamente, a um processo de forte degradação do seu mercado de trabalho e de sua situação social. Os salários reais estão estagnados desde 1991 e ao nível de desemprego oficial (7,6 % ou 2,9 milhões de pessoas) devem ser adicionados mais de 5 milhões de trabalhadores que recebem assistência social porque não chegam ao fim do mês com os seus salários; 1,2 milhões de trabalhadores temporários subcontratados com salários reduzidos pela metade e ramos inteiros, como segurança e limpeza, relegados a “salários de lixo”. A Alemanha exporta mais de 40 % da sua produção de automóveis, máquinas e ferramentas, e de 50 % a 60 % da produção das indústrias electrónica e farmacêutica. Do total de suas exportações, 60 % destinam-se à UE, com cujos países o seu superavit comercial foi multiplicado por cinco desde o surgimento do euro. Nos últimos quatro anos, o declínio das exportações para a periferia europeia, devido aos planos de austeridade, foi compensado com vendas para a China, que dobraram. A fortaleza exportadora alemã é também a sua grande fragilidade, pois uma recessão internacional, em especial se afectasse a China, traria enormes efeitos para o país.
A espiral da dívida
As multi-nacionais alemãs e francesas e os seus grandes Bancos fizeram negócios extraordinários com a periferia da zona-euro durante os anos de vacas gordas. Parecia que os grandes deficits comerciais e a bolha do endividamento privado não tinham limites. Tudo ia bem enquanto as rodas continuavam a girar… até que a grande bolha estourou em 2007, veio o salvamento estatal massivo dos Bancos e apareceu o problema da dívida pública (enquanto a massa da dívida privada permanecia). A festa havia acabado dramaticamente.
Para financiar a dívida soberana dos Estados, o Banco Central Europeu (BCE) vem emprestando, há três anos, dinheiro ilimitadamente a 1 % ou 1,5 % de juros aos mesmos grandes Bancos “resgatados” para que esses, por sua vez, o emprestem aos países periféricos a taxas de juros muito mais altas. Então, começaram os primeiros planos de ajuste com os quais os Governos roubavam o povo para pagar aos Bancos credores. Nesse processo, os países periféricos da zona-euro se encontram de mãos e pés atados, sem nenhuma independência para agir. Não podiam recorrer ao procedimento tradicional de desvalorizar a moeda, atacar os salários e aumentar as exportações. Agora dependiam das decisões do BCE e da Alemanha e a única receita era a “austeridade”, enquanto a dívida se tornava cada vez maior, até impossibilitar seu pagamento.
Os “planos de resgate”
Isso foi o que aconteceu com os países mais frágeis. E quando eles já não podiam pagar, “os mercados” não lhes emprestavam mais, e quando era iminente a suspensão do pagamento, apareceram os “planos de resgate”, que agravaram muito mais o problema. Agora, quem concede os novos empréstimos são a UE e o FMI directamente. É a “troika” (a Comissão Europeia, o BCE e o FMI) que impõe directamente os draconianos planos de ajuste que sangram com selvajaria os trabalhadores e as classes médias e fazem a economia retroceder décadas. Assim ganham tempo e garantem o ganho e os lucros dos Bancos, enquanto estes se vão desfazendo dos seus títulos da dívida periférica e repassando-os aos Governos, por intermédio das instituições europeias e do FMI.
Tivemos o primeiro plano de “resgate” grego em Maio de 2010. Em Outubro, foi a Irlanda que se incorporou ao clube dos “resgatados” e, mais recentemente, em Junho de 2011, Portugal. Esses planos, longe de serem uma “ajuda”, são cordas para que os países se enforquem. A sua essência é a pilhagem. Por isso mesmo são planos destinados ao fracasso.
O segundo “resgate” da Grécia
Um ano depois do seu primeiro “resgate”, a Grécia, brutalmente golpeada, não podia garantir os pagamentos do mês de Julho e só faltava declarar-se falida. Todos os créditos do primeiro “resgate” foram utilizados para pagar empréstimos anteriores, e quanto mais pagava, mais devia. Desta vez, diferentemente do momento do primeiro resgate, o “contágio” (expresso no “prémio de risco” ou “risco-país”: a diferença entre a taxa de juros da dívida paga pelo país e a paga pela Alemanha) não só afectou Portugal e a Irlanda como também atingiu em cheio a Espanha e, pela primeira vez, a Itália, unindo os destinos da dívida destes dois Estados e colocando o conjunto da zona-euro perante uma gravíssima crise.
Durante três semanas tensas, os Governos e as instituições da UE enfrentaram-se publicamente acerca do “resgate” grego e da crise da dívida, até que chegaram a um acordo em 21 de Julho. Quando as diferenças foram resolvidas, exigiram do parlamento grego que aprovasse (enfrentando o repúdio massivo e uma onda de protestos reprimida com selvajaria) o novo plano de ajuste, com novos cortes de direitos económicos e sociais, de empregos públicos, mais aumentos de impostos e um programa massivo de privatizações. Um plano que os jornais gregos qualificaram de “comoção e terror” e que o Financial Times definiu como “provocação política e vandalismo económico”.
A “latino-americanização” da periferia europeia
Antes de discutir esses acordos, é preciso avaliar o significado profundo do plano da “troika” para a Grécia, o lugar onde foram mais longe e de onde já podemos entrever o futuro preparado para Portugal ou Irlanda. Às vésperas do seu segundo “resgate”, a Grécia utilizava 29 % de sua receita para pagar os juros. Se somarmos a amortização da dívida, sobe para mais de 50 %. No entanto, a sua dívida é cada vez maior, enquanto a fuga de capitais para a Suíça prossegue sem freios. A situação grega é como se tivesse sido devastada por uma guerra. O preço do “resgate” supera o das indemnizações de guerra às quais a Alemanha foi submetida no Tratado de Versalhes, depois de perder a I Guerra Mundial. Bairros inteiros de Atenas encontram-se em situação de emergência sanitária e a expectativa de vida começa a baixar. Assistimos a um empobrecimento súbito do povo, dos trabalhadores e das classes médias da Grécia. Agora, para completar a pilhagem, vem a operação do segundo “resgate”: a apropriação massiva do que resta do património nacional (infra-estruturas de turismo, portos, aeroportos, telecomunicações, correios, energia, ferrovias, companhias de águas, Bancos, lotarias…) a preços de liquidação (o valor actual das acções é 30 % do de 2009) e em benefício dos mesmos Bancos e multi-nacionais que arruinaram o país, em especial alemães e franceses.
A Grécia está sendo submetida a um processo acelerado de “latino-americanização”. De um lugar de país sub-imperialista (imperialismo de terceira divisão) dentro do imperialismo europeu, está a tornar-se num país semi-colónia governado directamente pela “troika”, sem soberania nacional. A “troika” forçou a Grécia a renunciar aos “direitos de imunidade”, que historicamente impediam os credores de expropriar activos de um Estado insolvente. O presidente do Eurogrupo, Juncker, declarou à revista alemã Focus: “a soberania dos gregos será limitada de forma massiva. A aplicação do plano de austeridade e do programa de privatização está sob o controlo directo da “troika”. A própria arrecadação fiscal grega será privatizada, segundo declarou “Jeffrey” Papandreu.
Não é, pois, casual que os manifestantes gregos comparem a sua situação à da Argentina de 2001 e escrevam nos seus cartazes: “Teremos uma noite mágica como na Argentina: quem será o primeiro a fugir de helicóptero?”. Estamos diante dum problema que não se limita à Grécia, mas que já atinge países como Irlanda e Portugal. O assessor da Comissão Europeia, Paul de Grauwe, escrevia: “Alguns países europeus viram-se degradados ao status de economias emergentes”.A imprensa portuguesa denuncia que, nestes meses sob intervenção internacional, Portugal funcionou como um protectorado do FMI e da UE. O Diário de Notícias observou que Poul Thomsen, do FMI, é “o verdadeiro ministro das Finanças” de Portugal. Estamos no meio duma batalha crucial, de dimensão europeia e global, que ainda está para ser decidida e cujas repercussões económicas e políticas são decisivas.
A “participação” dos Bancos no resgate
Voltando ao acordo europeu de 21 de Julho, há uma primeira parte dedicada ao “resgate” grego, que inclui um novo empréstimo da UE e do FMI (com juros mais baixos e prazos mais longos) e a chamada “contribuição voluntária” dos grandes Bancos e seguradoras, que foi objecto de intensa polémica pública.
A polémica reflecte o pânico provocado pela fragilidade do sistema bancário. No entanto, há um componente marcadamente obsceno porque, como explicou um analista, “o que começou como uma tragédia tornou-se uma comédia negra1 de enredos e simulações”, na qual “nada é o que parece e nenhum dos protagonistas diz o que pensa ou fala do que faz2. A verdade é que Sarkozy e, sobretudo, Merkel encontravam-se com grandes dificuldades políticas para aprovar uma nova “ajuda” à Grécia se não a justificassem com o discurso de que os “Bancos também deveriam pagar a sua parte. Mas a “contribuição privada” foi uma cínica operação cosmética.
De facto, enquanto se falava publicamente nesses termos, o primeiro Banco alemão, o Deutsche Bank - presidido pelo poderoso Joseph Ackerman, o grande assessor financeiro do Governo Merkel – e o Banco francês BNP funcionavam como arquitectos do novo esquema de ajuda. (…) Por isso, o plano implica mais alívio para os Bancos credores – um desejo que lateja por detrás dos actos da troika comunitária – do que uma solução para a enorme dívida do atormentado povo grego. De cada 100 euros da dívida que os Bancos renovarem para a Grécia, ela verá só 50; a outra metade servirá para financiar a operação e para que os Bancos não registem perdas, desfazendo-se veladamente de parte dos títulos gregos. Além disso, gozarão da garantia pública europeia. Merkel e Sarkozy tiveram de lidar com o descontentamento dos seus compatriotas lançando mão do discurso de que queriam castigar os credores privados, mas não foram além das palavras. Os credores, alguns dos quais compraram a dívida grega com rendimentos de 25%, recebem mais garantias e ganham mais dinheiro. Dos outros fundos do programa de resgate, até 110 mil milhões de euros serão aportados pela zona-euro e pelo FMI e servirão, como já ocorreu parcialmente com o primeiro plano de resgate, para que a dívida passe do activo dos balanços dos Bancos e fundos de investimento ao passivo das contas públicas.”3
Na realidade, jamais passou pela cabeça das autoridades europeias e do FMI a possibilidade da “quitação” da dívida grega, da forma como os especialistas consideravam obrigatória (entre 50% e 70%) para assegurar que o país não entrasse em colapso. A razão é que uma “quitação” assim poderia trazer gravíssimas consequências para o sistema financeiro europeu e mundial. Significaria, em primeiro lugar, a fuga de biliões de depósitos dos Bancos gregos e a sua falência certa. Bancos credores como o Commerzbank, BNP, Dexia, ING, UniCredito ou RBS, com quantidades importantes da dívida grega, teriam de ser “recapitalizados” e alguns deles “resgatados” pelo Estado. Desencadear-se-ia, ainda, uma liquidação massiva dos chamados credit default swaps4, o que afectaria os Bancos de Wall Street e teria efeitos globais imprevisíveis. Por último, também haveria a onda de contágio para Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. Por outras palavras, a “quitação” poderia converter-se num novo Lehman Brothers.
Por tudo isso, a “quitação” acertada em Bruxelas chegou apenas a 10% da dívida grega. No entanto, só a menção à “participação privada” no “resgate” provocou pânico diante do temor de uma virulenta reacção em cadeia dos “mercados” e levou a sérios enfrentamentos entre o BCE, o FMI, Merkel e Sarkozy, que dedicaram duas semanas procurando um reparo para que a crise se mantivesse sob controlo.
Outro ponto-chave foi a ampliação de competências do chamado Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF), com o fim de que possa intervir de forma “preventiva”, comprando as dívidas da Espanha e da Itália, antes que esses países cheguem à beira da falência e já não haja mais retorno. O problema é que esta decisão não foi acompanhada pela ampliação de fundos para torná-la possível, e também foi feito um acordo de que só se interviria em situações “excepcionais” e com prévio acordo dos 17 países da zona-euro. São condições que fazem com que, diante de uma situação crítica, o Fundo seja inviável. O ministro das Finanças da Alemanha, Schäuble, já acalmou os ânimos ao declarar que o MEEF “não é nenhum cheque em branco”.
É possível evitar a falência dos PIGs?
O acordo firmado em Bruxelas foi apresentado como solução definitiva para a crise da dívida grega e como um “avanço histórico” da UE. Mas o entusiasmo durou apenas dois dias. No terceiro, os riscos-país da Espanha e da Itália voltaram a disparar e o BCE, fortemente dividido, viu-se imediatamente obrigado, contra a opinião alemã, a comprar as dívidas italiana e espanhola para deter a corrida até à falência. Trichet, presidente do BCE, justificou-se dizendo que “se o BCE não tivesse actuado… já estaríamos na pior crise desde a I Guerra Mundial.
O acordo de Bruxelas é, antes de tudo, um plano de salvamento dos Bancos que prolonga a agonia da Grécia, permite maximizar a sua pilhagem e tenta, mais uma vez, ganhar tempo. Tempo para transferir a carteira de títulos da dívida dos países periféricos que está nas mãos dos Bancos (sobretudo franceses e alemães) para as mãos do BCE, da UE e do FMI, e também tempo para esperar um milagre impossível.
É consenso entre os analistas que a Grécia, Irlanda e Portugal não poderão honrar seus compromissos e terão que declarar, cedo ou tarde, a suspensão dos pagamentos. A Grécia não vai poder pagar a dívida pela simples razão de que esta é 150 % superior ao seu PIB (cada bebé nasce com uma dívida de 30 mil euros), porque se espera que a dívida chegue a 172 % do PIB em 2012 e porque vive uma brutal recessão (15 % de queda do PIB nos últimos três anos). Na Irlanda, o próprio Governo reconhece que será impossível pagar, algo evidente para um país que viu sua economia retroceder mais de 20% desde 2009 e tem uma dívida público-privada 10 vezes maior que o seu PIB. O mesmo vai acontecer em Portugal, com uma economia que foi submetida a um forte processo de desindustrialização, passou anos paralisada e encontra-se agora em plena recessão (o seu PIB vai cair 5 % este ano).
E a Espanha e a Itália?
Mas o problema não é a Grécia, Irlanda e Portugal (6% da zona-euro). O problema é a Espanha e a Itália (30 %). E já não podemos falar de “resgate” destas economias, simplesmente porque o seu tamanho faz com que isso seja impossível. A falência de ambos os países equivaleria à “implosão” do euro, levaria à falência dos grandes Bancos europeus, provocaria um verdadeiro desmoronamento do sistema financeiro internacional e levaria à ruptura da UE, pondo fim a décadas de “construção europeia”.
A Itália e a Espanha estão a sofrer uma forte crise política e a ameaça de rebaixamento da qualificação das sua dívida pelas agências de classificação. A economia espanhola, com um desemprego que atinge 5 milhões de trabalhadores (21 % da população activa), não só está estancada como também está condenada a uma paralisação prolongada devido aos planos de ajuste e à ausência de crédito provocada por um sistema bancário que se mantém sobre activos imobiliários fictícios e depende, em boa medida, do financiamento externo, cada vez mais caro e restritivo conforme aumenta o risco-país espanhol. Nessa situação, a dívida pública espanhola está condenada a tornar-se cada vez maior, mais cara e mais difícil de ser paga. Em 2008, ela equivalia a 40 % do PIB. Este ano será 68 %. Além disso, a dívida pública faz parte de um endividamento total (de Bancos, empresas e famílias) que chega a quase 4 vezes o PIB espanhol, metade da qual é dívida externa, principalmente em mãos francesas e alemãs.
A Itália tornou-se a última “vítima dos mercados”. Suporta 10 anos de paralisia económica, vem perdendo progressivamente quotas de exportação e sofre também uma grande fragilidade bancária. O seu endividamento público supera 120 % do PIB (terceira dívida do mundo, depois dos EUA e Japão). Suas perspectivas económicas são sombrias, como consequência dos drásticos planos de ajuste impostos, com repercussões na dívida pública ainda mais graves do que no caso espanhol.
Falsas esperanças nos euro-bónus
Alguns analistas acreditam que o melhor é deixar os PIGs falirem (aqueles que são dados como perdidos) e se concentrar em evitar a queda das dívidas espanhola e italiana. “Há dois cenários:  ou o BCE assume a sua responsabilidade e protege a Itália e a Espanha, ou tudo isso vai cair em pedaços”. O famoso George Soros defende que, para salvar o euro e evitar o caos, deve-se estabelecer a “saída ordenada” da Grécia e de Portugal do euro e da UE e que o resto dos países substitua as suas dívidas nacionais pelos chamados euro-bónus (títulos de dívida pública que seriam emitidos e garantidos em conjunto por todos os países da zona-euro e em iguais condições para todos).
A cúpula da social-democracia europeia e economistas neokeynesianos, como Joseph Stiglitz, defendem algo parecido. Eles publicaram um documento na imprensa europeia, assinado por uma dezena de ex-primeiros-ministros, no qual se pronunciam, reivindicando Roosevelt na Grande Depressão, a favor de um “New Deal” centrado no “crescimento”. São partidários, como Soros, da emissão de euro-bónus que substituam 60 % da dívida dos países da zona-euro. Defendem também que, enquanto isso não se materializa, o BCE e o Fundo de Estabilidade Financeira comprem toda a dívida espanhola e italiana que for necessária. Do mesmo modo, defendem um reforço substancial do Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o controlo dos credit default swaps.
No entanto, os Governos alemão e francês não estão a favor e opõem-se aos euro-bónus por razões poderosas. A primeira: a taxa de juros que pagariam por eles seria superior à das suas actuais dívidas nacionais e isso aumentaria substancialmente os custos. A segunda: veriam o seu controlo sobre as economias periféricas enfraquecido. A terceira, não menos importante, em particular no caso alemão: a enorme crise política que acarretará se isso for levado avante.
Ao mesmo tempo, o prolongamento da actual situação, em que a crise da dívida em cada país retroalimenta as dos demais, o que se associa com a possível onda recessiva internacional e com a paralisia política da UE, faz pensar que o mais provável é que sejam incapazes de evitar a implosão do euro, o desmembramento da UE e um agravamento imediato da crise económica. Neste contexto, a saída-expulsão dos países periféricos vai colocá-los em cenários dramáticos como o da Argentina em 2001 (desvalorização massiva, dívida multiplicada, “corralitos”, falências de Bancos, ruína súbita das classes médias, encerramento massivo de empresas...), uma verdadeira catástrofe social, que só pode ser enfrentada com drásticas medidas anti-capitalistas e a unidade da classe trabalhadora europeia.
Não há solução sem romper com o euro e a UE
A social-democracia europeia, executora dessas políticas e planos de ajuste, e co-responsável por esta invenção ao serviço de banqueiros e multinacionais que é a UE, diz- nos agora que a solução para a crise europeia são os euro-bónus e algumas medidas de política keynesiana. As suas propostas não são mais que um tímido complemento (investimentos do BEI) aos planos de ajuste, de cuja “necessidade” compartilha sem escrúpulos.
Eles não questionam a Europa do Capital nem os Bancos e multinacionais que a governam. A sua defesa dos euro-bónus não é senão uma tentativa de salvar a zona-euro e a UE, tornando mais “digeríveis” as dívidas espanhola e italiana, com o objectivo de evitar a sua falência. No entanto, ainda que os euro-bónus acabem por ser emitidos, isto tampouco significará o final da crise nem dará nova vida ao euro, simplesmente entraremos numa nova fase da crise.
“Esquecem” que a primeira condição para que os trabalhadores e os sectores populares saiam da crise é precisamente o não pagamento da dívida, algo que anda de mãos dadas com o fim do euro e da UE. Repudiamos completamente os planos de ajuste ao serviço dos banqueiros e defendemos um programa de resgate dos trabalhadores e dos povos, que começa com a implantação de medidas de distribuição do trabalho e que exige a expropriação dos Bancos e a nacionalização dos sectores estratégicos como base necessária para reorganizar a economia ao serviço da grande maioria. Esta luta não é “nacional”, mas europeia e mundial. Não pode triunfar se não for no âmbito europeu, se não conseguir avançar na unidade da classe trabalhadora do continente e se não abrir o caminho para uma Europa socialista unida, baseada na democracia operária. Não há alternativa histórica diante da guerra social que o capital declarou para nos impor um retrocesso de décadas, “latino-americanizar” o nível de vida europeu e converter os países da periferia em semi-colónias do capitalismo alemão e francês, ameaçando, neste processo, liberdades e direitos democráticos. É o momento da revolução europeia.
 Felipe Alegría (Espanha)
 Notas:
1. A comédia negra revela-nos personagens de personalidade fraca, à deriva na vida, ou deixadas à mercê de um destino muitas vezes incompreensível, também chamada de humor negro.
2. Manel Pérez, Un sacrificio inútil, www.lavanguardia.com, 30/06/11
3. Idem
4. Conhecidos como CDS, é uma operação financeira de cobertura de riscos, pela qual uma operação de crédito (um empréstimo, por exemplo) é assegurada contra o não pagamento por parte de devedor.


Mov. Indignados, Lisboa, Out. 2011