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1.5.12

Aos 67!? Ou aos 80?

   Por que não até aos 90 ou até morrer? Talvez não perdêssemos as nossas faculdades tão cedo se continuássemos a trabalhar após a actual idade de deixar o emprego. Deve ser a teoria dos neoliberais!
   Épocas houve em que a idade de reforma era atribuída aos 60 anos, nalguns casos aos 55. Depois passou para os 65 para os homens e 62 para as mulheres. Mais tarde passaram as mulheres para os 65, também, como já acontecia com os homens. Agora já se pondera que seja aos 67 anos que uma pessoa possa deixar de trabalhar e receber o máximo a que tem direito por se aposentar.
  Dizem-nos que é por causa da sustentabilidade do sistema da Segurança Social. Será mesmo? Então os políticos também só irão receber as suas pensões de reforma aos 65 (ou 67)?
   E agora, só poderão reformar-se aos 65!? Ou o dinheiro que se gasta com uns não é um problema como se torna quando se trata dos outros?
   Aumentar ou não aumentar a idade de reforma? A questão, ciclicamente recuperada, voltou à ordem do dia pela boca do Primeiro-Ministro, Santana Lopes, que defendeu a subida. A ideia é também admitida pelo PS. Mas conta com a feroz oposição de patrões e sindicatos. (DN 31.Jan.2005)

   Santana Lopes vai receber a partir do próximo mês uma pensão de 3178 euros como ex-Presidente das Câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa. O nome do ex-
-Primeiro-Ministro consta da listagem de "aposentados e reformados" com pensão paga pela Caixa Geral de Aposentações. Santana tem 49 anos e esteve na Figueira da Foz entre 1997 e 2001 e entre 2001 e 2004 em Lisboa. Pelo período em que foi Primeiro-Ministro Santana também tem direito a reforma (proporcional ao tempo que esteve no cargo)
.
(DN 23.Set.2005)


Pensões dos políticos custam 80 milhões de euros em 10 anos
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   Por muitas justificações que nos dêem, tudo não passa duma falácia. Eternamente a areia nos olhos do povo.

   
   O Prof. José Hermano Saraiva também foi Ministro da Educação entre 1968 e 1970 (no tempo da ditadura). Segundo o que ele contou, um dia, estava preocupado porque precisava de conseguir dinheiro para aumentar o salário dos professores primários e não sabia onde ir arranjá-lo. Até que alguém lhe disse que "as respostas estão sempre na nossa frente!" Olhou para o que se encontrava em cima da sua secretária e pensou: "as respostas estão sempre na minha frente! Mas onde?", como era um fumador inveterado, aquilo que viu foi um cinzeiro com um cigarro seu a fumegar. A resposta estava na sua frente. Chamou um secretário e pediu-lhe que indagasse quantos cigarros se fumavam em Portugal, após receber essa informação decidiu que cada maço de cigarros iria passar a custar mais $50 (cinco tostões, 50 centavos do antigo escudo, hoje 025). Esse seria o valor necessário para poder pagar aos professores.

   Hoje, eu diria que essa taxa deveria servir para custear a Saúde. Mas, quero com isto demonstrar que quando um Governo precisa de dinheiro deve recorrer a fontes lucrativas  para se financiar em vez de continuar a sacrificar toda a população com mais impostos. Empresas rentáveis como as energéticas foram entregues aos privados que as exploram a seu bel-
-prazer, em vez de permanecerem como forma de financiamento do Estado, sob o seu controlo.

   O senhor, Ministro da Segurança Social (dizem que também é da Solidariedade, solidário com quem? Nem com a motinha dele!), Mota Soares, será aquele que irá prorrogar o limite da idade de aposentação. Não há dúvida! Eu só gostaria de saber como é que a Segurança Social angaria mais dinheiro por obrigar as pessoas a trabalharem mais anos, se cada vez há menos gente a trabalhar e a contribuir com os seus descontos! Acho que o financiamento terá que passar por se retirar as pensões aos políticos e serem entregues à Segurança Social, também, pelo pagamento de impostos devidos pela Banca, pela Bolsa e por muitos outros negócios chorudos (ou da China) que não contribuem verdadeiramente para o encaixe de dinheiro nos cofres do Estado mas, sim, para os cofres de muita gente que nem sequer tem nacionalidade portuguesa.

   Ser ministro em Portugal é fácil, nos nossos dias, não requer muito trabalho, basta não ter sensibilidade social e fazer as coisas da forma mais simples, pena que nem sempre seja da forma mais inteligente ou eficaz nem a pensar na população! Se quisessem eu até lhes poderia da umas sugestões donde irem buscar fundos de sustentabilidade, mas a mim nenhuma Universidade me passa diplomas ao Domingo, e quem manda não ouve mais nada de ninguém! É pena!

   Critica-se a Grécia porque os gregos estavam a reformar-se aos 55 anos. Mas, geralmente quem faz essas críticas são aqueles que têm liberdade de conduzir a sua vida como bem querem. São esses que obrigam a maioria da população a trabalhar em condições de quase escravatura e, nalguns casos, de verdadeira escravatura mesmo, mas que não seguem as mesmas regras que impõem aos outros. Na Grécia, a maioria das pessoas vivia feliz, presentemente o suicídio aumentou 40%. Da forma como os governantes destroem os países não poderão ser levados a tribunal?

   Com que idade deverá uma pessoa aposentar-se (passar à reforma, ou deixar de trabalhar)? Quando deverá uma pessoa ter tempo para poder descansar depois duma vida, tantas vezes árdua, de trabalho? Para que servirá uma vida de trabalho duro se uma pessoa não puder desfrutar dos seus últimos anos de vida de forma condigna e de forma tranquila? No período de vida activa não se pode ir de férias porque não se tem dinheiro. Não se pode partilhar o tempo com a família nem descansar aos fins-de-semana nem aos feriados porque é preciso trabalhar para fazer face às despesas. No final não é possível conseguir passar à reforma porque há que sustentar os gastos loucos dos governantes despesistas! Manso é o povo que suporta tudo isto de forma resignada achando que nada se pode fazer, e que os ministros podem tudo simplesmente porque têm o poder, a faca e o queijo, nas mãos.

    Ainda tenho esperança de vir a conseguir ver melhoradas as condições de trabalho como se pensou que iria acontecer (e que em parte aconteceu) após a Revolução de 74. Na verdade, as condições laborais melhoraram bastante no séc. XX, mas voltou a perder-se qualidade no séc. XXI, com o avanço dos conceitos neoliberais globais. Já Tomás Morus (Thomas More), no séc. XVI, escreveu a obra Utopia, na qual propalava a ideia duma jornada de trabalho de 6 horas diárias. Hoje, quase 500 anos depois, há pessoas que trabalham o dobro (e até mais), e o actual Governo teve o desejo de aumentar as horas de trabalho. O presente Governo possui uma filosofia neoliberal, tal como os anteriores, mesmo que aqueles se intitulassem socialistas. A verdade é que nenhum deles se preocupou realmente com as pessoas no seu aspecto humano, mas apenas olhou para elas como peças duma máquina de fabricar dinheiro que serviria (e ainda serve) para benefício de grupos de elite.


   A situação continuará a piorar se os paradigmas da sociedade não se alterarem para melhor. Com o capital que existe em circulação há capacidade para se melhorar a vida de toda a população mundial, mas infelizmente não há vontade política nem financeira para isso. As pessoas que poderiam ficar indignadas com a degradação das condições de vida muitas vezes nem se manifestam, porque no seu íntimo ainda existe uma réstia de esperança de que um dia poderão alcançar um nível superior àquele em que se encontram e vir a desfrutar de idílicas regalias, apenas ao dispor de poucos. Enquanto essa mentalidade prevalecer nada irá melhorar, embora aparentemente até possa parecer que sim.

   É necessária uma verdadeira mudança social e de mentalidades, será preciso que as pessoas tenham a noção de que nada estará bem enquanto uns se vestirem com roupas caríssimas e comerem refeições proibitivamente dispendiosas outros passarem frio e fome. Por que haverá alguém de querer possuir uma piscina privada em casa em vez de utilizar uma que seja pública, partilhando o local com mais gente!? Por que será que há pessoas que adoram carros de alto preço quando outras nem dinheiro têm para andar de transportes públicos!? Por que será que há quem se delicie com moradias de luxo quando tantos nem um tecto possuem para se abrigar!? Estas diferenças escandalosas são aquilo que promovem os governos neoliberais. Viver com um certo tipo de luxo até pode ser agradável, mas será justo? Será justo que queiramos só para nós aquilo que não desejamos conceder aos outros? Não se pretende que sejamos todos pobres mas, sim, que não haja miséria nem pessoas exploradas ou mal tratadas como se houvesse pessoas de 1ª, 2ª, 3ª e mais classes, ainda.


 Liberté,  égalité,  fraternité 

   A oposição a este tipo de regime, o capitalismo neoliberal global  que vigora em quase todo o mundo ocidental, e que já se propagou a outras sociedades que possuíam formas diferentes de viver    não é o comunismo mas, sim, um outro tipo de sociedade baseada em conceitos, ainda não colocados totalmente em prática (nem mesmo em França, o seu berço) e que foram promovidos pela Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade e também mencionados nos Direitos Humanos, presentes na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Claro que do séc. XVIII até agora outros conceitos positivos foram também surgindo, o problema é que quem manda, quem detém o poder, não quer, nem se esforça por, implementar medidas produtivas, equitativas e justas. Até esse momento chegar, alhures no futuro, uns irão continuar a sofrer e a morrer para se conseguir manter a sustentabilidade duma minoria que não se preocupa com mais ninguém. Até lá resta à maioria da população duas opções válidas: revoltarmo-nos ou resignarmo-nos. Com a primeira, as pessoas, poderão tentar levar à construção duma sociedade igualitária e justa através de diversos tipos de batalhas (ou serem derrotadas, mantendo-se tudo igual ou pior), ou, poderão resignar-se e aceitar as coisas como estão e aproveitarem para reflectir sobre o significado do sofrimento, sobre as injustiças que são praticadas, aproveitarem, também, para treinar a paciência, perder o medo e desenvolver o amor aos outros e a si mesmo, tudo isto na base da influência através do exemplo de atitudes pacíficas. A escolha é nossa, é de cada um.
Resistência francesa à ocupação alemã na II Guerra Mundial e Gandhi defensor da não violência

   Sendo, pois, legítimo que lutemos contra as injustiças de que estamos a ser alvo presentemente, há, no entanto, que reflectir numa coisa: tudo aquilo pelo qual estamos a passar, neste momento a que chamam "crise", poderá ser considerado mínimo perante tantas barbaridades e atrocidades que as nações europeias já perpetraram contra outros povos. O nosso bem-estar europeu, em parte, também foi conseguido à custa de muito suor, sangue e lágrimas de muitos africanos, americanos (do norte e do sul), asiáticos e mesmo dalguns europeus... mesmo que não se acredite em carma, pelo menos tudo há-de ter um preço, que é pago na hora ou mais tarde com juros incluídos, e sempre devemos estar conscientes de que tudo o que se faz tem as suas consequências... quer sejamos nós ou tenha sido feito pelos nossos antepassados!

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