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28.10.12

O monoteísmo do capital financeiro e a felicidade



por ANSELMO BORGES20 de Outubro de 2012

no DN Opinião


De finanças o meu conhecimento é praticamente nulo. De ciência económica, quase. Mas não fico muito aflito, pois o que noto é que entre os economistas a confusão é imensa, tornando-se cada vez mais claro que, afinal, a economia é tudo menos uma ciência exacta.

Mas vamos ao capital, que é mesmo capital, como diz o étimo: caput, capitis (cabeça), necessário e até essencial para a existência humana. Seguindo em parte uma taxonomia de P. Bourdieu, X. Pikaza apresenta os diferentes sentidos de capital.

Nos capitais simbólicos, encontramos o capital sócio-cultural - o conjunto das riquezas simbólicas dos grupos e da humanidade, começando na língua e continuando nas tradições, nas esperanças de futuro, nas artes e tecnologias, nos saberes tradicionais e nos novos saberes científicos e técnicos - e o capital ético, incluindo os diferentes domínios da vida, no plano social, laboral, jurídico, abrangendo, portanto, o capital político, jurídico, religioso...

Mas, quando se fala em capital, pensa-se fundamentalmente no capital monetário e financeiro. Evidentemente, também este é um capital simbólico, mas hoje é o dominante, acabando por subordinar os outros. O capital de consumo situa-se no mundo da vida, está ao serviço da vida e da produção de meios para o consumo, bem-estar e desenvolvimento da humanidade. Há um capital monetário ligado à produção e distribuição do poder, isto é, das relações sociais, no quadro dos valores humanos e da democracia, da distribuição dos meios que permitem a realização dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, num plano ético.

O problema maior é que nas últimas décadas se foi dando o triunfo do capital financeiro, sobretudo na sua vertente neoliberal, desligado da produção de bens materiais e da distribuição de bens sociais, para se transformar em fim em si mesmo, sem atender à vida das pessoas e acima dos próprios Estados, que devem garantir os direitos humanos e a igualdade dos cidadãos. Fim em si mesmo, domina os próprios mercados, que "já são mercados do capital".

Encontramo-nos diante do "perigo de um monoteísmo do capital financeiro, que aparece assim como o único Deus do nosso mundo. Um capital por cima da produção de bens e da administração da justiça dos Estados, um capital sem normas éticas, sem outra finalidade que não a do desenvolvimento do próprio capital nas mãos de poderes financeiros frequentemente sem nome."

Este capital toma conta de todos os outros, a começar pelo capital ético, e está na base de uma guerra em curso, que custa milhões de vítimas.

Esta situação exige reflexão, pois cada vez se torna mais clara a urgência de mudar globalmente de paradigma. Entretanto, é salutar saber de exemplos de solidariedade e ética, que animam a esperança e são sinal de que a humanidade verdadeira mora para outras bandas.

A gente nem quer acreditar, quando lê, em Isabel Gómez Acebo e no Courier International, o exemplo impressionante do presidente do Uruguai, José Mujica. Após a eleição, continua a viver na sua pequena casa, numa zona da classe média, nos arredores de Montevideu. Tem um salário de 12500 dólares mensais, mas dá 90%, vivendo com 1250 (que lhe basta, pois muitos concidadãos vivem com menos). A mulher, a senadora Lucía Topolansky, também dá a maior parte do seu salário. Como transporte oficial utiliza um Chevrolet Corsa. Durante o Inverno, a residência oficial servirá de abrigo aos sem tecto. Mandou vender a residência de Verão do presidente, e o resultado da venda destina-se, entre outros usos, à construção de uma escola agrária para jovens sem posses.

Na reunião do Rio+20, pronunciou um discurso especial. Aconselhou a uma mudança de vida, pois foi para sermos felizes que viemos ao mundo. Ora, na sociedade actual, vivemos completamente obcecados com o consumismo: trabalhamos para consumir sempre mais... tendo de pedir empréstimos que temos de devolver, e esquecemo-nos da felicidade. É este o destino da vida humana? Terminou, estimulando à luta pela conservação do meio ambiente, porque "é o primeiro elemento que contribui para a felicidade".


Onde tive oportunidade de ler este texto: O Jumento
e também em: Devaneios a Oriente

Neoliberalismo: aonde pretendes levar toda esta gente? A troco de quê?


   Este é o resultado final do consumismo desenfreado sem preocupações sociais... O infortúnio de uns trará sempre, também, infelicidade aos outros, pois ninguém fica imune ao que acontece ao seu redor, por muito que enterre a cabeça na areia, fingindo que está tudo bem.

   Vamos pensar nisto!

20.10.12

Islândia novamente




   Finalmente a Islândia volta à ribalta das notícias televisivas. O povo islandês soube como agir para recuperar o seu país da bancarrota para onde o atiraram políticos e banqueiros, mas, aqui em Portugal, isso não era notícia de jornal, ou Tv, onde passamos a vida a ler, e a ouvir, opiniões de que não há alternativa ao rumo que nos estão a querer fazer seguir. Há sempre alternativas, basta o povo querer...


   «A Islândia, apesar de não pertencer à União Europeia, foi o primeiro país a pedir ajuda externa ao FMI na sequência da crise financeira de 2008. Confrontados com a falência dos três maiores bancos do país, os islandeses recusaram-se a pagar os depósitos dos credores ingleses e holandeses. Quatro anos depois do colapso financeiro, a Islândia é, hoje, um país em crescimento.» RTP 1





   Veja-se a reportagem da RTP:

Islândia vota nova Constituição



Leia mais em: 
Octopus - Islândia: como sair da crise... (11.1.11)


ACORDAI PORTUGAL

17.10.12

Jogar com as pessoas


   Lembram-se do jogo do Monopoly, pois é, para muita gente hoje a vida nada mais é do que um simples joguinho de investes, ganhas ou perdes. Jogue os dados, compre aqui, venda ali, avance uma casa, receba ao passar na Casa de Partida e Vá Directamente para a Prisão...

   A verdade é que as pessoas não são simples peões, de plástico, peças do tabuleiro do jogo, são gente com vida, com sentimentos, emoções e alma. Mas há uma camada (ou cambada) de gente a quem poderemos chamar desalmada, verdadeiros cavaleiros das Trevas, sem alma, ambicionando acumular riquezas a qualquer preço, desde que o custo seja baixo para eles e o lucro elevado, pouco importando quantos peões do jogo possam cair no tabuleiro para satisfazer as suas ganâncias.



   Há alguns anos atrás jogava-se com empresas e com os seus trabalhadores, compravam-se e vendiam-se acções, pouco importando o destino dos seus funcionários. Hoje, o jogo é ainda mais maquiavélico e joga-se com as populações dos países, compra-se e vende-se dívida pública pouco importando o destino de cada povo, desde que isso dê dinheiro, muito dinheiro.

   Dinheiro e sucesso são alguns dos objectivos no mundo actual. Pretende-se alcançar uma posição visível, de destaque, perante a sociedade. É conseguir um emprego de topo, uma carreira profissional bem sucedida e bem remunerada, ter uma mansão ou apartamento de luxo com um (ou vários) carros topo de gama e, ainda, um casamento magnífico (que pode ser de aparências). Para se conseguir dinheiro podem-se fazer "investimentos", isso significa pegar no dinheiro que se conseguiu dalguma forma e entregá-lo a respeitáveis senhores em instituições financeiras que sabem como se multiplicam os cifrõe$, tudo de forma legal. Assim, esses senhores compram acções de empresas que todos conhecemos (ou desconhecemos) e "investem" também em mercados de países "emergentes" (ou mercados emergentes).



   Como tudo isso funciona pouco importa a cada cidadão investidor desde que consiga receber os almejados retornos financeiros multiplicados. Assim, muitas pessoas, em Portugal e noutros países europeus, estão a sentir as influências dum polvo mafioso que funciona com autorização legal e com influências de elementos nacionais que não reconhecem senão o dinheiro como máxima na vida.

   Também não importa a forma como foi confeccionada a roupa que usamos, em que condições trabalham essas pessoas?

   Mas, quando é que os portugueses que procuram os seus gestores bancários ou financeiros para fazerem render o seu dinheiro se questionam sobre a forma como os Bancos conseguem esses rendimentos? Alguma vez alguém se preocupa com a situação de que para uma entidade financeira pagar uns míseros juros, que nada mais são do que migalhas, aos pequenos aforristas, 1.000 milhões de pessoas em todo o mundo vivem, sobrevivem, vegetam ou lutam por sobreviver, num mundo de lixo e de esgotos, usados como mão-de-obra barata em países emergentes?


 

   Agora, nós portugueses, sentimo-nos indignados pelo que Troikas, Goldman Sachs e outros fazem connosco, mas será que não somos também responsáveis por isso? Será que nunca fomos, e continuamos a ser, condescendentes com as patifarias que permitimos que se façam a outros povos para que nós possamos ter uma vida melhorada?


   Poderá pensar que estive apenas a falar acerca do modo de vida dos ricos, mas meus amigos, ainda têm uma contita bancária com alguns tostões a prazo? Já não tem dinheiro e compra nas lojas chinesas ou no mercado da feira? Então acabamos por ser todos responsáveis neste injusto processo global de contínuo enriquecimento e produção de bens de consumo para o bem-estar ocidental.


   Vale a pena pensarmos nisto, e ao mesmo tempo lutarmos contra as injustiças que nos tentam impor. Mas, que depois de passarmos por este mau bocado de caminho possamos lembrar-nos que enquanto não protegermos e nos preocuparmos com os outros também o mesmo nos poderá acontecer a nós...




Tudo farinha do mesmo saco

  

   Corrupção política em Portugal? "NÃO HÁ!"

   Assim o afirmou a Drª. Cândida Almeida. E poderemos "constatar" como a senhora tem razão, senão vejamos: corrupção seria comprar iates de luxo para o ministro que encomendou submarinos, mas estes não são para uso pessoal e exclusivo do senhor nem para passear ao serviço do Governo, logo, pouco poderá importar que quem tenha vendido o material bélico submergível a Portugal tenha sido condenado por corrupção na Grécia e no seu próprio país, a Alemanha. Em Portugal, isso é que não! Nem documentos há que provem isso!

   Na República Checa a polícia investiga subornos aos políticos por parte da empresa Steyr, a qual vendeu viaturas blindadas a Portugal, compradas por quem? Pelo sr. ministro dos submarinos...

Foto: Miguel Silva Machado

   Se no início afirmei que não havia corrupção por não terem sido comprados iates de uso pessoal mas, sim, submarinos bélicos (pois a guerra continua, hoje em dia, a ser um grave flagelo português!), eu só pergunto, agora: como já saberia em 2004, o ministro das viaturas de guerra, que os elementos do seu futuro Governo, em 2012, iriam precisar de viajar em carros blindados para se protegerem das vaias e apupos do povo!? Embora este tipo de contestações não consiga sujar os seus fatinhos, comprados na Avenida da Liberdade, como se fossem atingidos por ovos ou tomates! Continuando, mesmo assim, o uso de viaturas blindadas para deslocações dos ministros não poderá ser considerado benefício pessoal, tal como não o é quando os deputados "compram" Passats e Audis em vez de Clios, então, corrupção em Portugal não há! O azar todo foi, somente, o sr. ministro não ter sido atempadamente informado pelos serviços secretos nacionais, ou pelos serviços maçónicos, que ele estaria a meter-se na boca do lobo! Ou talvez as secretas estivessem demasiado ocupadas com a Maçonaria e não tivessem tido oportunidade de avisar o sr. ministro! O certo é que durante a ausência do ministro de quaisquer ocupações governamentais ninguém o viu a passear de submarino nem de chaimite! Por falar nisso, já muita gente não saberá o que eram chaimites, nem que se fabricaram em território nacional, e que no tempo do dito ministro já tiveram que ser comprados à Áustria! Dizia eu: ninguém viu o agora sr. ministro (e ex-ministro) passear de Pandur como ninguém vê os deputados andarem de Clio...

   Por falar em Clio, volto à carga acerca do ex-PM da Holanda, já antes mencionado neste blogue, que andava de bicicleta enquanto que os intocáveis e veneráveis deputados e ministros deste mouro reino peninsular se deslocam, à custa do Zé Povinho, em viaturas topo de gama!

   Mas que país é este onde no Parlamento uns criticam os outros quando acabam por ser todos farinha do mesmo saco!?

   Senhores deputados, senhores ministros e afins, comecem a dar o exemplo, imitem outros colegas doutros Parlamentos da União Europeia e mostrem aos vossos eleitores que vocês merecem a confiança do Povo.

Fontes: 
Expresso.pt

   

16.10.12

SEM MAIS PALAVRAS!

A NASA celebrou a aterragem dum robot em Marte.
Custo da missão: 2.500 milhões de dólares.
Objectivo: encontrar vida!




Ah! Se eles tivessem ideia
da festa que poderiam fazer
se descobrissem que aqui
existe um outro planeta
repleto de vidas esfomeadas...
este Planeta poderia ser bem melhor!

Autor desconhecido


13.10.12

O Neoliberalismo

Foto: Lusa/Manel de Almeida

   Vivemos momentos complicados, hoje em dia, que a maioria da população não imaginaria que pudessem vir a marcar o futuro, quando regalias e direitos foram conquistados no passado. Mais, a maioria não imaginou, num passado recente, que um dia poderia votar no oposto daquilo que sempre defendeu sujeitando-se a perder o que se pensava estar dado como adquirido! Curioso, não é?

   Simples de responder: a população tem preferido deixar-se adormecer em vez de prestar atenção a tudo o que acontece ao seu redor. Considera-se preferível ver certos programas televisivos do que manter-se consciente, e essa consciência não significa apenas beber informação, pois esta muita vezes conduz à ilusão porque é manipulada. As pessoas têm sido enganadas, pois a pretexto da resolução duma situação de pretensa crise se vai instalando um nefasto sistema neoliberal.

   Estariam as pessoas interessadas em saber o que era o neoliberalismo antes de terem votado no PSD [Plano Socialmente Demolidor] de Passos Coelho, que poderia vir a ser Primeiro-Ministro caso o seu partido vencesse as eleições?

   Por que continuarão as pessoas a votar em partidos em vez de projectos políticos? E por que continuarão a acreditar naquilo que os políticos (do partido da sua preferência) lhes prometem nas campanhas eleitorais? Tendo votado neles pelas suas promessas por que não poderá o povo eleitor impugnar um Governo que faça o contrário do que prometeu? Afinal democracia não significa governo do povo? Ou será do Demo!?

   Quem pudesse ter pensado que as batalhas medievais e feudais tivessem acabado desengane-se. Elas continuam aí, agora actualizadas e presentes nas nossas vidas doutra forma. Como os parâmetros da vida moderna se alteraram em relação ao passado, assim se modificaram as armas usadas e as formas de luta, mas esta continua presente nas constantes batalhas pela sobrevivência. Hoje há povos que lutam pela manutenção de certos direitos e regalias. Lutam hoje por um estilo de vida recentemente perdido mas que havia sido artificialmente construído em cima dos sacrifícios de muitos outros povos por esse mundo fora. Será altamente improvável uma sociedade funcionar bem se não possuir bases sólidas e justas.



   Hoje, os senhores feudais brancos, asiáticos e africanos já escravizam também os europeus, outrora  temporariamente  livres e com dinheiro no bolso, quantas vezes obtido à custa do suor e da dor de africanos, asiáticos e índios.

   Para que mais facilmente se consiga perceber o que é o neoliberalismo que agora aflige os europeus aqui ficam alguns excertos do trabalho de mestrado do professor da Faculdade Santa Rita, em São Paulo, João José de Oliveira Negrão.


O texto que se segue foi ligeiramente adulterado do seu original brasileiro para a forma lusitana de escrevermos anterior ao AO90. O texto original, na íntegra, poderá ser consultado aqui.



   Definição de neoliberalismo

   O neoliberalismo, cuja génese pode ser identificada na obra de Friedrich Hayek, O Caminho da Servidão, escrita em 1944 (Anderson, 1995), pode ser dividido, conforme Luís Fernandes, professor da Universidade Federal Fluminense, em duas vertentes. Uma seria a visão ideológica original, derivada diretamente de Hayek e do monetarismo de Milton Friedman e Von Mises, sócios fundadores junto com Hayek e outros, da “Sociedade de Mont Pelérin”. Essa é a versão mais dura e xiita – para usar um termo comum à política brasileira – que queria uma subordinação incondicional ao mercado e abominava todo e qualquer tipo de intervenção estatal na economia e na sociedade. Esta versão pura e dura do neoliberalismo certamente não foi aplicada em lugar nenhum, nem mesmo no Chile, onde apesar da ditadura e da assessoria directa de Milton Friedman e seus discípulos da Universidade de Chicago, o Estado manteve um papel importante no sector do cobre, principal produto do país. Da mesma forma não foi aplicada por Reagan e Thatcher.

   No entanto, essa versão mais dura alimenta outra, mais matizada e flexível que, essa sim, vem conseguindo impor-se como hegemonia ideológica ao mundo, orientando a política de inúmeros governos, sejam eles formalmente originários do conservadorismo e da direita ou até de partidos social-democratas, como no caso da Espanha, com Felipe González, ou da França, no segundo Governo de Mitterrand.


   Podemos dizer que essa versão mais light está centrada doutrinariamente na ideia da desregulamentação dos mercados, abertura comercial e, especialmente, financeira e na redução do tamanho e papel do Estado (Fernandes, 1995). E, neste caso, admite-se – ou mais que isso, apoiam-se – intervenções estatais para promover “reformas” que se dêem nesse sentido. Uma outra característica desta vertente do neoliberalismo “realmente existente” é uma certa desqualificação da Política, que se rege por determinações outras que não aquelas da “mão invisível” e a tendência a uma forte centralização no Executivo, relegando o Legislativo, mais permeável a determinações políticas, a segundo plano. É essa versão do neoliberalismo que vem orientando o processo de

globalização da economia.

Neoliberalismo e a ingovernabilidade da democracia

   No nível teórico-político, é possível precisar, sinteticamente, a ressurreição do neoliberalismo na obra financiada pela Comissão Trilateral, The Crisis of Democracy. Publicada em 1975, traz a público a visão conservadora da chamada crise de governabilidade das democracias contemporâneas que, segundo os autores – Michel Crozier, Samuel Huntington e Joji Watanuki – ampliaram em excesso o poder da sociedade – especialmente das classes subalternas – de gerar procuras para as quais o Estado não tem mais capacidade de oferta.


   Para Crozier, aconteceu que o desenvolvimento económico e social que veio à luz nesta etapa de ampliação do welfare state* permitiu o crescimento do número de pessoas participantes do sistema político. Ao lado disso, as hierarquias tradicionais perderam sentido, o processo democrático legitimou-se e a complexidade organizacional acabou provocando hiatos entre as decisões políticas e a sua implementação por parte da burocracia. Nesse sentido, ele acredita que a ingovernabilidade é inerente à democracia.


* [Estado de bem-estar social ]


   Huntington segue no mesmo diapasão. Para ele, a ingovernabilidade está no excesso de democracia e no excesso de igualdade, que tende a deslegitimar a autoridade e os líderes. [...]

   Mas, apesar do pessimismo, tal linha de análise apresenta propostas de saída para a crise: se a democracia é a sua causa central, deve-se colocar-lhe limites e cortar substancialmente as exigências populares; assim, diminui-se a sobrecarga do Estado e, ao ampliar-se o espaço do mercado, retoma-se o crescimento da economia. [...]

   Então, de acordo com Offe, como estratégia conservadora de superação da crise, ganha força "a proposta de desviar aquelas exigências que transcendem os 'limites do Estado social' para as relações monetárias de troca ou seja para o mercado, [que] está hoje amplamente difundida. As palavras-chave são: a 'privatização', ou seja a 'desestatização' dos serviços públicos e sua transferência para instituições
competitivas na área da economia privada. [...]"

   Em geral, trata-se de fortalecer o efeito dos mecanismos de saída sobre os de contradição (exit versus voice, segundo Hirschmann), e de desmontar os mecanismos de segurança social do Estado, bem como as posições de poder político-económico dos sindicatos, a partir das quais aqueles mecanismos foram impostos. [...]

   Então, podemos concluir que a crítica e a negação neoliberal à política é retomada pelos teóricos conservadores da crise da democracia, que entendem que o welfare state acabou por gerar excessiva politização de questões económicas e sociais. Para salvar-se, entendem, a democracia precisa estabelecer limites às pressões que se exercem sobre ela, ou seja – raciocinando pelo inverso o risco da democracia está no excesso de democracia. É necessário, portanto, “despolitizar” a sociedade e suas procuras, enquadrar as reivindicações dos diferentes grupos sociais em planos que não se generalizem em direitos universalistas e que se tornem obstáculos à acumulação ampliada do capital. Mais mercado e menos regulações democráticas – influenciáveis pelo jogo político e, portanto, sujeitas a determinações outras que não aquelas da “mão invisível”: eis o ponto de contacto central entre os teóricos do neoliberalismo e da ingovernabilidade das democracias. [...]

Crítica ao projecto neo-liberal

   Para criticar o neoliberalismo, quero aqui partir de três hipóteses fundamentais:


1) O neoliberalismo aponta para o sacrifício dos direitos básicos, sociais e políticos de grande parte da população, ao negar padrões de regulação negociados entre agentes colectivos, tais como os sindicatos, os partidos e o Estado, que de forma mais ou menos atenuada implicavam em obstáculos – ainda que frágeis – a acumulação ampliada do capital e permitiam às classes subordinadas algum grau de participação na repartição do produto social do trabalho;


2) que, em consequência, o projecto neoliberal tende a distanciar-se da democracia, especialmente se considerarmos, como Helio Jaguaribe, que as democracias modernas se dividem em dois grandes modelos: a democracia social, organizatória e que configura a sociedade para os fins da colectividade; e a democracia liberal, dedicada apenas à regulação da sociedade civil. [...];


3) a onda neoliberal e o substrato ideológico de um contra-atraque do capitalismo, que busca refuncionalizar-
-se em outras bases, sem aqueles obstáculos à acumulação 
do capital – fruto da acção política da classe trabalhadora e de outros sectores subalternizados – e diminuindo o espaço de manobra e reivindicação dos trabalhadores, através da precarização das relações de trabalho, do desemprego e da despolitização das políticas sociais, transformadas de direitos em caridade, de preferência privada. Esse contra-ataque capitalista dá-se, conforme indica Vicente Navarro, em dois níveis: na produção, com profundas modificações tanto no processo de trabalho como nas relações no interior das empresas, tendo por base uma racionalização técnica (automação e informatização) e uma racionalização administrativa-gerencial (os modelos “japoneses” e outros de gestão), além da produção globalizada, com o deslocamento de postos de trabalho para onde houver menos regulações e movimentos sindicais mais frágeis. Houve ainda uma intensa precarização das relações de trabalho, ao lado da economia de mão-de-obra provocada pelo avanço tecnológico. [...]


   Depois destes excertos, da dissertação de Oliveira Negrão, o texto continua com:


O neoliberalismo e a relação com o Povo

   Será curioso analisar que países europeus que criaram bases de Estados-sociais que punham fim à exploração dos trabalhadores maioritariamente brancos, e que permitiram todo um crescente bem-estar geral às suas populações  que incluía acesso ao trabalho, à habitação, à educação, à saúde e à justiça  estão agora a ser destruídos, fruto duma implementação neoliberal  em países que se encontram em situação de "crise" económico-financeira  um sistema injusto para a população mas benéfico para os detentores do capital sem rosto. Assim, Grécia, Portugal, e agora a Espanha já estão a sofrer as injustiças da ideologia neoliberal como iniciativa de experimentação. Por que terão sido substituídos, na Grécia e na Itália, os seus Primeiro-Ministros (Papandreou e Berlusconi) eleitos pelo povo por dois tecnocratas neoliberais não eleitos (Papademos e Draghi, da Goldman Sachs) e em Portugal, por que não surgiu nenhum tecnocrata designado pela Comissão e União Europeia? Simplesmente porque, no cantinho lusitano, o povo colocou directamente no Governo um homem da confiança dos neoliberais europeus, o qual é supervisionado por um "consultor" neoliberal dirigido pelos interesses norte-americanos da Goldman Sachs, o sr. Borges.




Foto: Pedro Elias

   Portanto, tudo se compões para que segundo as ideologias neoliberais a população veja reduzidas todas as benesses até agora alcançadas a diversos níveis, desde a saúde até aos salários passando pela educação (ministros do XIX Governo licenciados em economia: o da Saúde, o da Educação, o Primeiro-Ministro, e os das Finanças e da Economia, claro), quando um Governo tem gente formada em economia à frente de ministérios como o da Saúde e da Educação, demonstra que o capital é considerado mais importante que o aspecto humano.

   Poderemos até pensar que tudo isto é lamentável, e que este é o resultado do desinteresse da população pela vida política, uns por não se preocuparem com as eleições, tornando-se abstencionistas – que o mesmo é dizer que acabam sempre por se "tornar votantes" dos governos eleitos – e os outros por se deixarem enganar por falta de atenção àquilo que os rodeia.


Tramar o Povo: muito divertido!
E uma tremenda falta de respeito...

   O neoliberalismo é hoje para os europeus a dura lição, embora aparentemente injusta, sobre as atitudes dos seus povos e nações no passado, relativamente a outras gentes que viviam livres, e que se viram espoliadas da sua liberdade para promoverem a contribuição da riqueza e do bem-estar aos senhores das terras da Europa.

   Poderá parecer contraditório que as pessoas tenham que lutar para alcançar novamente um nível de vida justo e ao mesmo tempo elas mereçam estar a passar pela situação actual. 

   Afinal, mais cedo ou mais tarde, cada povo acabará sempre por ter que passar por aquilo que precisa aprender...



   A verdade é que, muitas vezes, as pessoas só conseguem dar valor àquilo pelo qual os outros passam quando lhes acontece o mesmo!


   No entanto, isto não significa ter que baixar os braços, mas, apenas ter que fazer o mesmo que os outros povos escravizados fizeram (e fazem): lutar para se libertarem! E lutar com a convicção de que apenas um sistema justo para todos será viável...

Outras definições de neoliberalismo: Infopédia

NEOLIBERALISMO, GLOBALIZAÇÃO E CRISES ECONÓMICAS


6.10.12

HELP

Socorro, pedido internacional de ajuda: Help our people!

   Socorro, fomos dominados pelos inimigos da Pátria!

   Gostaria de saber se o Presidente da República e o Alcaide de Lissabon irão ser punidos com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias, como diz o artigo 332º. do Código Penal: "quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação por escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa".



   Mas, eu creio que não serão penalizados porque têm uma justificação em seu abono e que é: tudo o que diz respeito à bandeira nacional tem um simbolismo e hasteá-la ao contrário não foge à regra. Em tempos, durante as grandes guerras, as bandeiras hasteada ao contrário eram sinal de que o local estava dominado pelo inimigo, enviando um pedido de socorro. Trata-se de um sinal reconhecido ao nível internacional.

   Tendo o "erro" sido percebido, ao não ter sido corrigido de imediato, logo após o momento da ocorrência, a meu ver, isso, só deverá ter três interpretações: 1ª. os intervenientes não se aperceberam do erro cometido. Não acredito, pelo sorriso percebido nas câmaras de TV, não houve ingenuidade, nem poderia haver! 2ª. os Presidentes poderiam ter pensado que ninguém iria perceber a falha! -- Não creio que tenham o povo português em tão baixa consideração! Ou será que têm? 3ª. o acto terá sido intencional, querendo, mesmo, transmitir uma mensagem internacional, a de que o povo precisa urgentemente de ajuda e o país está de pernas para o ar, por ter sido tomado por agentes anti-
-patrióticos, melhor dizendo, dominado por agentes infiltrados a soldo do inimigo!




   A cerimónia da comemoração da Implantação da República foi celebrada à porta fechada, sem a participação do Povo na rua, como era habitual desde há 102 anos, dessa forma, achavam os políticos que poderiam evitar críticas, vaias e assobios, que pudessem manchar a "beleza" televisiva do espectáculo. Mas, a verdade é como o azeite, vem sempre à tona da água, e apesar de toda a segurança o pano caiu na nódoa. Sim, não direi o melhor pano, porque o tecido social lusitano está gasto e a romper-se, embora a qualidade seja boa -- mas como eu dizia, este pano conseguiu furar as malhas da segurança, que à imagem da censura ditatorial, impediam a razão popular de se manifestar, e, o pano manifestou-se em cima da nódoa que são os políticos portugueses, em geral, e os governantes, em particular, que em tudo prejudicam as pessoas e em nada as protegem ou ajudam!



   Honra seja feita a quem tem coragem de pôr a nu a hipocrisia em que se tornou este Governo, e não só, os anteriores também, e a falta de carácter daqueles que agora se opõem mas que já apoiaram outros Governos que em nada beneficiaram a generalidade da população lusitana.

   No 5 de Outubro deste ano os parabéns vão para o estoicismo de Luísa Trindade, de 57 anos, viúva, sem emprego, com cerca de 22400 mensais para fazer face à vida, e que fez questão em mostrar aos hipócritas que por baixo das, aparentes, belas maçãs ao cimo da cesta, existe muita fruta que já começa a apodrecer por estar a ser abafada.

   Quando os portugueses perderem o medo de protestar exigindo o respeito pelos seus direitos e agirem em defesa própria os políticos irão perceber que não poderão continuar a controlar e abusar das pessoas como o fazem actualmente.

   Senhores Presidentes, senhores ministros, senhores deputados não adianta enterrarem a cabeça na areia, ou pintarem as lentes de cor-de-rosa, nem tampouco fugirem do Povo, pois quem os elegeu e quem votou nos opositores tudo fará para repor os direitos constitucionais adquiridos e agora, num ápice, roubados ao Povo indecorosamente, e com péssimas justificações.


Fontes: RRenascença
A Civilização do Espectáculo
El Mundo-es


   

4.10.12

Islândia, Europa, austeridade e o Prémio Nobel


Bandeira Islândia

   «O prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz alertou na segunda-feira, em Buenos Aires, que a austeridade agrava as consequências da crise europeia e defendeu a reforma do quadro europeu e a reestruturação das dívidas nacionais.»
   
   «A austeridade é a receita para o suicídio económico» disse Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001, e antigo vice-presidente do Banco Mundial.

   Conclusão: Não é por um país, ou o seu povo ser o mais rico per capita, que a vida nesse local será eternamente boa. Há sempre a possibilidade de, em qualquer momento, banqueiros desonestos e sem escrúpulos fazerem negócios ruinosos para o povo dessa nação, e também ainda poderem surgir políticos que, ávidos de deixarem a sua marca no poder, possam arruinar o país a que chamam seu, apenas por teimosia, não demonstrando, sequer, qualquer patriotismo nem preocupação pelo seu povo. Pois, não é empobrecendo que um país melhora, como nos quis fazer acreditar o Primeiro-Ministro! Creio eu... e todo o povo português, também.
    A vida é assim mesmo, cabe a cada um insurgir-se contra o que está mal feito e lutar pela reposição daquilo que é correcto e justo, não só por si mas pelos outros também.

Fonte: Exame Expresso

          RTP Notícias
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1.10.12

Onde tudo isto irá parar?

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Παρακαλούμε
φαγώσιμα και
ψωμάκι,
κρεμάστε τα
στον κάδο

   Caros amigos, este é o ponto onde os políticos e os banqueiros fazem chegar as pessoas. Num país como a Grécia, cheio de gente honesta e trabalhadora e de políticos e banqueiros corruptos e sem escrúpulos podem ler-se pedidos de pessoas, que outrora pertenceram à classe média, que solicitam "por favor deixem o pão e a comida pendurados fora do contentor" do lixo. Poderá chamar-se a isto União Europeia!? Não... Talvez União Ladroeira, isso sim!

   Repito, a Grécia possui políticos mentirosos e corruptos. Sim, possui. Portugal também. A Grécia, um estado-membro da União Europeia, está nas mãos da Alemanha. Sim, está. Portugal também. A Grécia foi vítima dos homens de negócios do Goldman Sachs. Sim, foi. Portugal também os tem cá!

   Este será o caminho que nos espera, a quase todos, se continuarmos no rumo enveredado pelos nossos políticos e banqueiros. Ou nos unimos ou então, salve-se quem puder...

   Enquanto os pobres e os novos pobres passam fome e frio, a Banca diz que fundo de 12 mil milhões é um "conforto" está certo! E quem paga este empréstimo? O Zé Povinho à Troika. E se o Zé não puder pagar as suas dívidas à Banca quem o ajuda? Ninguém...

   Acredito que este Governo neo-liberal já não irá ter muito mais tempo para continuar a implementar medidas de desrespeito pela população. A decisão está nas nossas mãos.


5 de Outubro e 1º de Dezembro



do blogue: WeHaveCaosInTheGarden

   Caros compatriotas, será que já alguém percebeu a justificação pela qual quer o Governo acabar com alguns feriados? Eu não! Até porque acho que trabalhadores sem descanso e desmotivados não são produtivos.

   Bom, mas a verdadeira razão parece-me ser esta: O Medo, (2 ficaram à responsabilidade da Igreja e só ela pode dizer qual o critério para eliminá-los), os feriados civis escolhidos para serem eliminados foram a Implantação da República e a Restauração, em 5 de Outubro (referente ao ano de 1910) e no 1º de Dezembro (relativo ao ano de 1640) respectivamente.

   Ora bem, no 2º -- cuja data ocorreu cronologicamente primeiro -- os portugueses, no Terreiro do Paço, atiraram da janela abaixo Miguel de Vasconcelos, um traidor ao serviço dos castelhanos. Portugal havia estado dominado pela coroa espanhola durante 60 anos. Mas, os portugueses da época disseram: "Basta!" Já chegava de estrangeiros a controlarem o país. Afinal de contas não tinha sido para isso que D. Afonso Henriques e seus sucessores haviam batalhado tanto contra castelhanos e leoneses!


   Relativamente ao 1º feriado -- que celebra uma data do início do séc. XX, em 1910 -- os sonhadores republicanos achavam que acabando com a Monarquia implantariam um sistema mais justo, e por isso disseram: "Basta!" E mataram o Rei no Terreiro do Paço, em 1908, um Rei que aceitou a dominação inglesa que nos apresentou o Ultimatum, e em 1910 implantaram a República.

   Ora bem, este Governo não quer mais comemorações dum povo que passa a vida a dizer: BASTA! E que tomam essas decisões no Terreiro do Paço. Perceberam?

   Diz o nosso Imperador mandatário: "Que se lixem as eleições! Quem manda aqui sou eu."

   Mas a verdade é que chegou a hora de dizermos "Basta" à imperialista "rainha de Paus" germânica e aos representantes dos imperialistas do tesouro americano, o Homem do Ouro da GOLDMAN Sachs, os dos negócios fraudulentos globais.


   Compatriotas, vamos celebrar o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro, e convidar o nosso coelhito para a toca do Terreiro do Paço e dizer-lhe novamente: Basta!










Basta de tantos beijinhos e abraços!

Basta de tantos sorrisos!

Basta de tanta graxa!
do blogue: WeHaveCaosInTheGarden

Os portugueses estão em Portugal e não na Germânia nem na América... e estão a sofrer devido a algo que não pediram!

Basta! Allez, allez: Passos ao Paço,
no centro do Terreiro já!

Fogueira da Inquisição no Terreiro do Paço em 1982