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27.4.12

Algo vai mal no Reino da Holanda

Algo vai mal no Reino da Rainha Beatriz!


   O ex-Primeiro-Ministro da Holanda (ou dos Países-
-Baixos, como lhe queiram chamar), Mark Rutte, pediu a demissão por problemas de austeridade no seu país. Este senhor, mesmo quando chefe dum Governo dum país subdesenvolvido, tinha por hábito andar de bicicleta.


com sol ou com chuva

   Por cá, pelas terras do país do super-desenvolvimento, considera-se desprestigiante um simples Ministro deslocar-se de lambreta ou vespa depois de assumir o cargo!

   É que segundo a justificação do sr. Mota (o tal Ministro do motociclo), o veículo topo de gama em que, agora, se desloca foi herdado do anterior Governo. Ora bem! Seria realmente uma grande falta de consideração o senhor não aceitar o que lhe foi deixado por tão prestigiado Governo. Sim, sim, o que iriam dizer os holandeses, por exemplo, quando o vissem andar em cima de duas rodas, sabendo que ele tinha recusado um carro de quatro rodas, um Audi A7!?


   Pois é: austeridade para o Zé Povinho, despesismo para os membros dos governinhos!
João Galizes
Crise!? Qual crise?


«O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, que chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama que custou 86 mil euros.
»Podem até encontrar justificações, mas confrontar aqueles a quem cortam direitos, salários e condenam à miséria com a imagem da sumptuosidade, de desnecessário e de hipócrita. Porra ele era o gajo da Vespa e é o Ministro da solidariedade.»

Crise!!!??? Qual?





Parte I

   
Crise? Sim, chamemos-lhe "crise" por uma questão de facilidade de nomenclatura, apesar da palavra não querer designar o significado que lhe estão a atribuir neste momento. Há quem pretenda fazer crer que a actual conjuntura resulta duma verdadeira crise económico-
-financeira, mas a verdade é que aquilo que temos é uma crise de bom-senso. Falta bom-senso à maioria de todos nós.

   Felizmente, as pessoas hoje em dia já não se encontram de olhos completamente fechados como antigamente, claro que esta observação é subjectiva, pois, desde sempre houve gente atenta às situações e que nunca se deixou enganar por todas as mentiras que foram pregadas ao longo dos tempos. E em contrapartida, com toda a informação disponível, que temos hoje, ainda podemos encontrar demasiadas avestruzes com a cabeça enterrada na areia!

   Actualmente é muito simples destruir-se um país sem se recorrer à guerra, basta controlar o capital. Muito mais fácil será realizar essa tarefa de destruição quando dentro do país podem ser encontrados "agentes duplos" colocados em lugares-chave. Precisamos convencer-nos que os nossos políticos são agentes secretos que "trabalham" (nem sempre de forma positiva) para a nação mas a soldo de interesses estrangeiros. São mercenários, vendem-se para quem lhes pagar melhor. De outro modo seria incompreensível que se pudesse assistir à destruição da já pouca qualidade de vida dos cidadãos em benefício do interesse do capitalismo internacional e de uma pequena elite nacional.

   Destruiu-se a qualidade do ensino. Destruiu-se o sistema público de saúde. Destruiu-se a parca qualidade de trabalho que ainda havia. Destruiu-se a segurança e a tranquilidade. Continua a destruir-se uma sociedade, uma nação (aliás, várias, mas neste caso refiro-me apenas à portuguesa) para que determinadas entidades empresariais e financeiras estrangeiras, e algumas nacionais, possam obter "lucros" de forma fabulosa e escandalosamente astronómicos .

      Nos últimos anos o país tem sido governado (melhor dizendo, desgovernado e saqueado) por uma cambada de incompetentes diplomados. Não que sejam diplomados em incompetência, mas, sim, porque possuem um diploma duma coisa qualquer e não deixam de ser incompetentes nos cargos e funções que ocupam (ou ocuparam) e na responsabilidade que deveriam ter nos Governos que integram (ou integraram). Podem intitular-se engenheiros, advogados, economistas, ou seja lá o que for, mas está provado que tudo o que aprenderam na Faculdade e os doutoramentos que fizeram de pouco serviram ao colectivo nacional, ao povo, ou à nação, como queiram designar o povinho que não consegue eleger gente decente que nos governe. Se possuir um diploma servisse para governar um país, então, o mundo não teria chegado ao caos em que nos encontramos.

      Esses doutos e sábios tecnocratas andam a tentar fazer-nos crer que é mais importante o país pagar, aos credores/agiotas/especuladores estrangeiros, as dívidas contraídas por políticos inconscientes, irresponsáveis e maus alunos, do que cuidar da qualidade de vida da sua população! Será que alguém de bom-senso consegue acreditar numa barbaridade destas!? Eu não acredito, mas ainda há quem se convença que os políticos têm razão e passe a vida a andar atrás deles e a aplaudi-los nas suas patéticas actuações circenses. Afinal de que servirá pagar as dívidas se já não houver gente para usufruir de vida com qualidade?


      Os denominados "mercados" de que tanto se fala servem para quê? Darão pão à maioria da população? Será das transacções realizadas em Bolsa, ou das negociatas bancárias, que se alimentam os trabalhadores que produzem aquilo que todos hão-de comer, vestir e usar? Será que ainda haverá quem insista em teimar que este tipo de capitalismo neoliberal é a solução para a humanidade? Os referidos Mercados não alimentam os trabalhadores mas conseguem proporcionar uma autêntica vida paradisíaca a meia-dúzia de oportunistas sem escrúpulos que se servem do capital para escravizar milhares de milhões (em todo o mundo) para seu próprio gáudio.

      Por exemplo, disseminou-se a ideia de que o Primeiro-
-Ministro Vasco Gonçalves (1974-75) era louco (talvez por ter militado na esfera do Partido Comunista). Durante os seus Governos, juntamente com o Ministro das Finanças Silva Lopes, os funcionários públicos foram aumentados de forma "degressiva", o que isto quer dizer? Significa que receberam maiores aumentos quem ganhava menos, e menores para quem já recebia salários mais elevados [
ver Decreto-Lei n.º 372/74]. E hoje o que vemos? Aumentos de igual percentagem para toda a gente, significam que cada vez mais se vai aumentando o fosso entre quem já ganha muito e aqueles que pouco 
recebem. Foi também considerado louco por ter realizado nacionalizações como as das empresas petrolíferas, que deram origem à Petrogal, bem como a nacionalização da Banca, por exemplo. Hoje assiste-se à entrega à gestão privada de empresas que são lucrativas e que poderiam subsidiar as despesas do Estado. Somos testemunhas de PPP's (parcerias público-privadas) que servem para roubar o dinheiro dos contribuintes e financiar os lucros de meia-dúzia! Gestores de empresas privadas que já foram ministros, gestores no público e no privado, etc. Uma pouca vergonha. Os diversos Governos adeptos das privatizações sempre afirmaram, e continuam a afirmar, que "gerir empresas não é uma função governamental"; mas, parece-me que realizar despesas sem controlo e sem gerar receitas já deve ser uma função governativa, será assim? Se os Governos não são adeptos das nacionalizações porque terão nacionalizado um Banco falido de forma fraudulenta, e, como não são adeptos de nacionalizações, devolveram-
-no às mãos dos privados com prejuízos à custa do dinheiro dos contribuintes? E se as ideias de Vasco Gonçalves eram loucas por que não terá o país melhorado, desde então,
 com as gestões dos Governos defensores do capitalismo liberal, neoliberal ou ultra-
-neoliberal!?

      Será possível que nos atirem eternamente com areia para os olhos como se fôssemos mentalmente debilitados e tivéssemos que aceitar tudo quanto nos queiram fazer acreditar?
Pensemos nisto e reflictamos...

      Não entrando em detalhes de quem tem razão ou com que finalidade se fazem certas coisas em determinados países, pelo menos uma coisa é certa, a antiga Primeira-Ministra da Ucrânia, Iúlia Timochenko, foi condenada por abuso de poder ao ter efectuado negócios com a Rússia prejudiciais ao seu país. E por cá, quando será que iremos poder ver os responsáveis pela ruína deste país sentados no banco dos réus? A esses são-lhes atribuídas as cadeiras presidenciais dos Bancos ou das empresas privadas...

   É bem verdade que os países comunistas não mostraram ser melhores que aqueles onde se vivia, ou vive, uma economia de mercado. Mas, por outro lado está provado que o sistema capitalista não pode ser livre (ou liberal) para fazer o que bem apetece por parte de quem detém o capital. Por gentileza, aplique-se urgentemente um novo sistema funcional às sociedades deste planeta...

   Que o fim esteja próximo, pois só terminando a descida poderemos voltar a subir... Quem sabe, 2012 não seja o fim da crise! Excepto se o FMI não permitir ao Governo despesas extras com a celebração do fim do mundo...




Parte II


Vídeo EuroNews:

Brasil ultrapassa Reino Unido


   Nota: "o Brasil é um país competitivo no comércio exportador", segundo informação apresentada no vídeo da Euronews. No entanto, não há facilidade dos produtos estrangeiros penetrarem no mercado brasileiro, pelo contrário, no mercado português tudo pode entrar a preços de saldo!


   As notícias apresentam já o Brasil como uma "economia" que acabou de ultrapassar o Reino Unido, bem como uma tabela onde brevemente não existirão "economias" europeias nos 10 primeiros lugares, mas, sim, uma outra onde estarão incluídos países como a China, o Brasil e a Índia. Estes países, como todos sabemos, são "economias" que funcionam à base de mão-de-obra paga com baixos salários ou até mesmo escrava. A realidade é que todas as pessoas procuram ter uma vida melhor, mais facilitada, mais justa e mais alegre, sem sofrimento, sem falta de meios para cuidar da saúde, sem fome e sem falta de habitação condigna. E o que vemos nós? Entretemo-nos a ver o capital (que não tem fronteiras) a voar duns países para outros, geralmente daqueles onde foi permitido às pessoas alcançarem um nível de vida razoável ou bom (e até mesmo exageradamente luxuosa, nalguns casos) para os outros onde se dá primazia à falta de respeito pelos direitos humanos, laborais, dos animais e da Natureza. Reconheço que muito do bem-estar que se alcançou na Europa e nos Estados Unidos (e não só) foi conseguido à custa do prejuízo de outros povos, como os africanos, os asiáticos e os latino-americanos. Agora chegou o momento dos países evoluídos começarem a colher o que têm andado a semear. A sementeira é livre, mas a colheita é obrigatória.


   No Brasil existem 11 milhões de pessoas a viver em favelas (e mais de 16 em extrema pobreza) numa população de 190 milhões – são cerca de 8% – e não sendo escravos todos os trabalhadores brasileiros, pelo menos toda a população paga impostos, os já incluídos nos exorbitantes preços de todos os bens de consumo, mesmo que sejam bens essenciais, e também outros impostos e taxas que sobrecarregam a parte desfavorecida da sociedade. A pobreza na Índia e na China juntamente com as condições laborais inumanas são suficientes para percebermos que as condições de vida dos habitantes desses países urge ser melhorada em vez de se piorar as condições de vida de quem vive no, chamado, mundo ocidental.


   Tudo isto acontece a milhares de milhões de pessoas, que ficam cada vez mais miseráveis, para que outros possam ir ficando cada vez mais ricos. O capital não tem fronteiras mas a mobilidade das pessoas sim, essa é dificultada. E, o que fazem os Governos? Defenderão as suas populações? Não. Limitam-se a defender o "capital". Mas o capital é ilusório, é apenas um meio para ajudar ao funcionamento das transacções, e não deverá ser considerado como um objectivo final, mas um simples meio. Para que serviria o capital se a maioria das populações não tivesse bem-estar e poder de compra? Poderá mesmo virar-se o feitiço contra o feiticeiro e uma multidão enfurecida de gente, atirada deliberadamente para a extrema pobreza, vir a transformar-se em algozes daqueles que tiverem dinheiro ou apenas um simples meio de subsistência. Há muito que diz o ditado de que quem semeia ventos colhe tempestades.

   Dizem-nos constantemente que "temos que ser mais produtivos", gostaria de saber como isso será possível! Poderá um record olímpico ser constantemente melhorado? Poderá o tempo que um atleta leva para percorrer 100 m ser cada vez inferior ao anterior? Da mesma forma, poderá a competitividade aumentar indefinidamente? E, afinal, terão os portugueses, e outros povos, que ser mais competitivos que quem? Que os chineses, que os indianos, ou que os alemães? Terão os alemães mais horas de trabalho que os portugueses? Terão menos feriados? Terão um salário inferior? Ou terá, por exemplo, a tão badalada economia emergente do Brasil deixado de festejar o Carnaval para ser mais competitiva? Não creio (tenho a certeza) que a solução não passa pela escravatura dos trabalhadores portugueses, gregos, ou outros, mas, sim, por aplicar novos moldes de funcionamento à sociedade.
   
   Nunca na História da Humanidade (na História da presente Humanidade) houve tantas facilidades como as que existem hoje. Nunca houve tantos técnicos de saúde, nunca existiram tantos instrumentos hospitalares, nunca houve tantos aparelhos para tudo e mais alguma coisa, nunca houve tantas máquinas e armas de guerra e nunca houve tanto dinheiro em circulação, tal como nunca houve tantas guerras violentas como hoje. Por falar em dinheiro, será que ele tem crescido nas árvores ou tem vindo a ser impresso conforme os Bancos Centrais de cada país vão arrecadando ouro atrás das grades dos seus cofres-fortes? Parece-me que nem uma coisa nem outra. O dinheiro em circulação não tem contravalor em ouro. Os economistas não conseguem perceber nada de coisa alguma. As agências financeiras agem a seu bel-
-prazer. Tudo não passa duma farsa. Uma teia bem urdida mas mal desempenhada pelos seus protagonistas. No fim de contas, a verdade é como o azeite...

   Se esta fosse uma verdadeira crise como seria possível vermos ministros, ex-ministros, banqueiros, parceiros e familiares duns e doutros gozando de boa vida? Se esta crise fosse real como se poderiam apresentar automóveis com preços escandalosamente exorbitantes no Salão de Genebra? Como se poderiam encontrar, ainda, tantos restaurantes repletos de gente com dinheiro? A crise (ou falta) de dinheiro existe, sim, mas não é para todos, é só para a grande maioria. A crise real existe, sim, mas é na falta de bom-senso da maioria das pessoas, tanto na cabeça daqueles que governam sem escrúpulos, como na daqueles que detêm o capital, como ainda na daqueles que se deixam governar sem questionarem o que está certo ou errado, ou mesmo na daqueles que tendo percebido a diferença, entre o bem e o mal, nada fazem para dar a volta à situação.


   Afinal a solução para a crise é tão fácil, como simples é tudo neste mundo, só é preciso que haja boa vontade por parte das pessoas. E quando digo "por parte das pessoas" não me refiro apenas aos políticos, aos banqueiros e aos responsáveis pelas multi-nacionais, refiro-me a toda a gente mesmo. Enquanto mantivermos as mesmas atitudes do passado não adiantará que ninguém se lastime ou revolte, pois nada irá melhorar. Mas a partir do momento em que cada um se empenhar em melhorar o mundo, então poderemos ter a certeza que a "crise" acabará...

   Note bem: "melhorar o mundo" não significa tentar moldá-lo consoante o desejo do egoísmo de cada um mas, sim, fazer aquilo que consideramos justo para todos, para o conjunto, para o colectivo, para a sociedade, enfim, para a humanidade.

   O mundo, ou melhor, as pessoas que nele habitam, necessita de sociedades mais justas e equilibradas, em duas palavras: mais conscientes. É aquilo que falta neste momento, consciência. E o que significa isso? Quer dizer que o comunismo não resultou... que o capitalismo "selvagem" também não e que na Europa, região onde se estavam a construir sociedades baseadas na protecção das pessoas, onde estas tinham mais importância que o capital, mas onde os países todos em conjunto decidiram rumar em direcção à tentação americana do sonho neoliberal, tudo acabou por fracassar.


Muro de Berlim

   É necessário compreendermos que a repressão comunista e a liberalização capitalista são nefastas ao bom funcionamento social. Os seres humanos precisam de ser livres por um lado, mas controlados em certos aspectos, por outro, pois, neste momento da sua evolução, quando lhes é dada a oportunidade de serem completamente livres para fazerem tudo o que querem acabam por trazer à tona a sua parte animalesca e esquecem o lado social. Existem sociedades animais mais solidárias do que muitos seres humanos, por isso, as sociedades humanas precisam de ser educadas e ensinadas a respeitar os outros seres e a viverem numa comunidade global.

Desemprego EUA

   Não é admissível haver pessoas a viverem no luxo e outras no lixo. Umas a desperdiçarem bens essenciais e outras nem sequer terem que comer. Umas com acesso à saúde e outras sem saberem o que é um médico por perto. Como será possível que aqueles que aparentemente vivem bem possam realmente viver bem se não tiverem consideração pelo seu semelhante? Pensar nisso tudo e melhorar o comportamento é modificar a consciência.

   É preciso estarmos cientes de que sem equidade o mundo fica desequilibrado e havendo injustiças continuarão sempre a existir indignação, revoltas, violência e insegurança. Diz o ditado que um bom negócio é aquele que beneficia ambas as partes. Que negócio será este onde estamos metidos, em que só um dos interessados fica com a parte de leão e o outro sem nada na mão!? Negócio será, mas bom não está a ser...


João Galizes


13.4.12

Comida, Ldª.

COMIDA LIMITADA





Sei que é difícil atrair a atenção dos leitores para um assunto como este: "sementes". Mas das sementes e da liberdade de as plantar depende uma boa parte do nosso futuro porque 75% da biodiversidade agrícola foi extinta no século XX e as coisas não vão ficar por aqui. O esmagador poder financeiro da indústria química quer multiplicar leis, por todo o Mundo, para impedir os agricultores de serem livres de usar as sementes não certificadas nas colheitas seguintes. A espiral é terrível: quanto menor produção agrícola com sementes ancestrais, pior comeremos.

Num filme notável chamado "Food Inc." (Comida, Lda.) os autores mostram, por exemplo, como a multinacional Monsanto consegue perseguir e levar à falência vários produtores rurais. O argumento é simples: se no campo deste agricultor houver plantas cultivadas com sementes Monsanto e ele não for cliente da empresa, é processado por estar a usar sementes patenteadas, mesmo que elas tenham sido propagadas pelo vento e estejam misturadas com as suas. A natureza passou a ter 'dono'.

A Monsanto é a mais importante empresa mundial produtora de transgénicos. Atrai os agricultores através de um marketing aliciador de melhores colheitas. Mas os alimentos obtidos a partir de sementes alteradas laboratorialmente, cujo ADN não é compreendido pelos organismos humano ou animal, arrastam interrogações que não compreendemos antecipadamente. Foi assim que se alimentaram herbívoros com rações à base de carne e se rompeu uma lei da natureza. Esta experiência foi um dos motivos apontados para o surto da doença das vacas loucas.

As culturas transgénicas estão já na mesa de pessoas de todo o Mundo. Surgem em coisas tão importantes como a alimentação dos bovinos (por exemplo, na carne importada do Brasil ou da Argentina), na soja, arroz, milho ou em algo tão simples como o mel produzido por abelhas próximas de campos transgénicos. Um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) dizia recentemente que a maioria dos alimentos consumidos no mundo ocidental provém apenas de 12 espécies de plantas e cinco espécies de animais, apesar de terem sido catalogadas milhares de espécies comestíveis. Pior: arroz, trigo e milho constituem 60 por cento da alimentação humana, sendo estes, na sua esmagadora maioria, provenientes de sementes tão apuradas que o nosso corpo já não 'lê' estes alimentos como "arroz", "trigo" ou "milho". Obviamente nem vale a pena falar da 'fast-food' ou da comida industrial.

Cristina Sales, uma médica que o Porto tem a sorte de ter por perto, escreve há vários anos sobre o caos da alimentação moderna e percorre o Mundo como oradora em conferências com este tema. E o que diz? "O nosso corpo tem um histórico de milhões de anos na absorção dos alimentos e está cada vez mais incapaz de reconhecer o que come. Não tem as enzimas necessárias à sua digestão e metabolismo. Por isso gera uma reação inflamatória contra os alimentos porque os considera 'elementos estranhos', como se fossem tóxicos. Essa é uma das razões porque tanta gente aumenta de peso ou de volume: porque retém líquidos nesse processo inflamatório. E isso afeta todas as pessoas, incluindo as magras".

Jude Fanton, da organização "Seed saver (Salvar as Sementes)" disse há meses ao programa Biosfera, da RTP2 (com o qual trabalho) uma coisa simples: "Se nos recordarmos do sabor da comida dos nossos avós - as maçãs, os vegetais, etc. - eles tinham um sabor verdadeiramente forte e intenso. Isso significa mais nutrição. Essa é talvez a razão pela qual estamos a engordar. Temos de comer cada vez mais para conseguir os nutrientes de que precisamos".

A ditadura agrícola e alimentar é este louco processo de quebrar as regras da natureza em busca de mais rentabilidade. Se fecharmos os olhos à origem dos alimentos, contribuímos gradualmente para uma vida cada vez mais tóxica. Essa perda de 'liberdade de escolha' e 'biodiversidade essencial' afeta o ADN humano que não deveríamos alienar numa só geração. Além disso, replica o modelo económico que supostamente queremos combater: os lucros ficam com as grandes multinacionais e as doenças em cada um de nós.

Fonte - JN Online


Viva a Islândia

A file photograph dated  27 October 2008, shows then Prime Minister of Iceland Geir Haarde.  EPA/MARKKU OJALA
Geir Haarde, Ex-PM islandês (2005-2009)

   Felizmente nem todos os países são condescendentes com os seus responsáveis governamentais, que causam prejuízos ao seu povo, como acontece com o povo português, que nem se digna a participar nos actos eleitorais, nem se preocupa com as razias causadas pelos políticos no nosso país.

   Os políticos portugueses fazem falsas promessas, mentem, fazem o contrário do que prometeram nas campanhas eleitorais,  fazem negociatas chorudas, depauperam os cofres do erário público e saem ilesos de tudo isto como se não tivessem qualquer responsabilidade sobre o estado em que deixam a nação.
Mapa - Estados-Membros da UE em 1986 © Stefan Chabluk   No passado cheguei a pensar que a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) fosse benéfica, pois achava que iria fazer evoluir o país, que iria aproximar os salários nacionais dos restantes salários da Comunidade! Pensei que iria tornar a Justiça mais justa e imparcial!

Alm. Gago Coutinho Nota 20$00   Pensei que a troca de moeda, do velhinho escudo, quase centenário, pelo jovem euro pudesse ser benéfica e que ajudasse Portugal a aproximar-se  de outros valores europeus. Bem, pelo menos isso é verdade, em parte, aproximou-nos dos preços pagos no resto da Europa, nalguns casos até nos tornou "mais evoluídos", com preços mais elevados, só não aproximou os salários!

   A verdade é que a entrada de Portugal no Clube dos países ricos ajudou e muito... ajudou aqueles que eram vigaristas a ficarem mais ricos e a continuarem impunes perante os seus abusos descarados. Havia sido descoberto um grandioso Eldorado, um filão inesgotável, que não possuía mão policial nem fiscais muito atentos ou severos nas penalizações aos prevaricadores... Era o paraíso, praticamente, quase fiscal: Pedir e gastar sem ter que pagar, e a dívida... para mais tarde recordar. "Quem vier atrás que feche a porta!"
   Então, demitem-se governantes, mudam-se Governos e tudo continua na melhor das aparentes tranquilidades! Uns candidatam-se à Presidência (e mais tarde conseguem-
-no), outros partem para a ONU, outros para a Comissão Europeia, outros entregam-se à divagação política e outros, ainda, fazem jus ao seu nome trocando diplomas dominicais por conceituados estudos filosóficos (melhor em Paris do que em Atenas!).


   Eis, senão quando, nos vêm dizer que o País andou a gastar de mais e agora há que pagar as dívidas. O País!? Quem? Eu!? Não me lembro de querer submarinos, comboios, aeroportos, estádios, auto-
-estradas paralelas nem outras tantas barbaridades de bradar aos Céus! Também ainda não entendi (claro que entendi) porque tem o país que pagar juros elevados aos Bancos quando o BCE lhes empresta dinheiro a 1% e a nós nos fazem pagar com a língua de fora! (Mas isso já é outra história pela qual os senhores Primeiro-Ministros também não são chamados a responder).

   Felizmente há países que têm formas diferentes de encarar a realidade. Na Islândia, o Governo em vez de entregar dinheiro dos contribuintes aos Bancos deixou-os falir. Fez um referendo para saber se haveriam de pagar aos credores estrangeiros, aqueles que andaram a brincar aos investimentos e a obter lucros com dinheiro especulativo e não produtivo, e finalmente decidiu levar o seu governante, responsável por toda a trapalhada, a tribunal.

   «O "segredo" para esta saída da zona de risco, diz Gylfi Zoega, professor de Economia na Universidade da Islândia, foi "deixar os Bancos entrar em default em relação com as obrigações para com os Bancos estrangeiros". "O principal factor por detrás do arrepiar caminho da Islândia foi a depreciação das taxas de câmbio e o facto de grande parte dos custos da bancarrota do sistema bancário ter recaído sobre os credores estrangeiros e não sobre os contribuintes islandeses", afirma, também, Jon Danielsson, economista islandês, actualmente professor na London School of Economics. Ele é de opinião que "esta é a estratégia correcta para os contribuintes noutros países com sistemas financeiros em crise - o povo nada teve a ver com as decisões dessas instituições financeiras sofisticadas e não há razão alguma para resgatar quem quer que seja".»

   Lembram-se de quando surgiram as dificuldades financeiras na Islândia nos terem dito que o mesmo não iria acontecer connosco, portugueses, por estarmos na UE? Afinal, parece que não é bem assim! A Islândia teve a inteligência de não ter aderido à UE, e de bem ou mal tomar as suas decisões com soberania, ao contrário do que acontece com os portugueses.

   Em Dezembro do ano passado (2011) muita gente ficou escandalizada com uma afirmação socretina: "as dívidas não são para se pagar!". A verdade é que ao longo da História muitas nações não pagaram as suas dívidas e hoje são grandes potências mundiais, como os EUA, a Inglaterra ou a Alemanha. Apesar de ter sido um péssimo Primeiro-Ministro, nalguma coisa o senhor engenheiro/arquitecto/filósofo teve razão: as dívidas não são para se pagar.
   
   Será que, por aqui, ainda um dia conseguiremos assistir a uma coisa assim? Ou, terei que passar o tempo
a lamentar a época em que as pessoas descontentes confabulavam contra ditadores que mantinham as injustiças sociais, e ainda a actual falta de coragem dos militares de outros tempos que punham termo a situações ingratas, decidindo a vida do país pela reposição da democracia?
   Somos um país que soube terminar com a ditadura
mas, que não sabe pôr fim à escravatura!

   Creio que só poderei compreender toda esta apatia e resignação através da interpretação de estatísticas que me dizem que dentre os 27 estados-membros da UE, o Povo português se considera mais feliz do que os romenos, os húngaros, os letões e os búlgaros (4 países do antigo Bloco de Leste). Nada maus, pois ainda poderia ser pior, caso a UE tivesse mais países, é que antes estávamos em 14º entre os 15 estados-membros! Não admira que tenham querido promover o Fado a Património Cultural, deve ser para adormecer o povo e mantê-lo resignado com tamanhas faltas de respeito por parte da classe política.

   Tudo isto não passa de ingratidão e falta de memória de cada povo, ou nação, para com os outros, é a Lei da Ganância e do triste Ego em acção!

   Resta-me o consolo de que "a esperança é a última a morrer!" E com isso me sobeja a convicção de que ao fundo do túnel se encontra a Luz da Justiça, da Verdade e do Bem.

João Guerreiro

Fontes: RTP Notícias
                  Expresso
             Público
             
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