MacDonald's em Moscovo |
A nossa actual sociedade está a precisar de transparência que cada vez se encontra mais turva, e a necessitar também duma reconstrução, pois tudo aquilo que foi construído e conquistado está a desmoronar-se ou a ser demolido. A nossa sociedade, quer seja somente a europeia, quer a chamada sociedade ocidental que engloba também o continente americano, ou a humanidade como um todo, que infelizmente está a tornar-se ocidentalizada nos seus piores aspectos, perderam a transparência, se alguma vez a tiveram e precisa ser reconstruída com novos conceitos. Países como a antiga União Soviética e a China, que outrora contestaram e combateram o capitalismo entregam-se hoje ao consumismo desenfreado, e ao mercado de capitais.
Loja Apple em Pequim |
Mesmo com temperaturas negativas, muitas pessoas faziam filas intermináveis para comprar o iPhone, noite dentro, mas a loja situada num centro comercial de luxo no bairro de Sanlitun não abriu portas esta sexta-
-feira. Pelo nascer-do-sol, ao serem informados de que os smartphones tinham esgotado, dois homens atiraram ovos em direcção à loja e empurraram os seguranças presentes no local...
O mundo, ou os seus habitantes, só pode mesmo estar demente, pois temos regiões onde se morre de fome e outras onde as pessoas provocam violência somente para comprarem coisas fúteis, que não são essenciais à sua sobrevivência!
Estados da União Europeia que noutras épocas construíram o estado-providência, o estado-social, que possuíam instituições que se preocupavam com o bem-estar das suas populações, começam a abandonar esse tipo de funcionamento para relegarem essas benesses da população aos domínios privados que possuem interesses económico-financeiros mas nunca de total bem-estar ou satisfação dos seres humanos, excepto o dos seus accionistas e corpos-gerentes.
Entre a comunista União Soviética e os Estados Unidos capitalistas, encontrava-se a Europa social. Hoje, num mundo globalizado encontramos apenas o ultra-
-neoliberalismo mundial que fomenta a exploração de todos os povos, seja em que continente for.
O poder político confunde-se com o financeiro, não se sabe onde termina um e começa o outro! Aliás, já não há começo nem fim, tudo está envolvido e mal misturado. E o pior é que as pessoas são manipuladas, e por vezes, a maior parte delas, nem se apercebe disso. Quem ainda acredita na comunicação social de hoje? Os jornalistas de investigação estão a desaparecer para darem lugar a mercenários a soldo dos grandes interesses globais. As pessoas são manipuladas quer a nível de opinião pública, pois os factos que se lhes apresentam não são os reais, não estão completos, nem transparentes. E são moldadas também ao nível psicológico, em que lhes são feitas lavagens cerebrais, ao antigo estilo soviético e americano, esse intuito, hoje, é o de fazer as pessoas acreditarem que estão informadas e que conseguem saber tudo e ao mesmo tempo sentirem que têm necessidade de consumir aquilo de que não precisam, mas que faz falta para que outros ganhem os seus lucros.
Antiga Escola Primária |
-se e ofereceram-se estádios de futebol que hoje não têm público nem equipas para lá jogarem (a outros querem demoli-los), e por outro lado encerram-se escolas (com que intuito?). No meu país gastou-se dinheiro a comprar dois submarinos aos alemães (com que utilidade?), e por outro lado encerram-
-se maternidades e hospitais por falta de verbas. O meu país, para se desenvolver, gastou dinheiro a construir auto-estradas (para quem?), e por outro lado não oferece incentivos ao desenvolvimento das empresas (porquê?). O meu país gastou dinheiro a formar estudantes que se revelaram verdadeiros génios da ciência, e por outro lado, agora, manda-os emigrar, etc. etc. etc! (com que intenção?).
Em países democráticos onde antes as pessoas eram respeitadas como seres humanos, desincentivam-se os investimentos financeiros e deslocalizam-se empresas para países de baixos salários, ou fomenta-se o aumento dos juros relativos aos empréstimos a conceder a esses Governos; em países onde não existe qualquer respeito pelas condições laborais, nem sociais, nem parlamentares, incrementa-se a criação de empresas e fábricas que funcionam à base de mão-de-obra escrava, e incentiva-se-lhes o consumo desenfreado.
Xangai: Apple Store |
Queremos melhorar o mundo? Então, comecemos por cuidar do nosso país.
Queremos cuidar do país? Então, comecemos por olhar para quem estiver ao nosso lado ou na nossa casa.
Queremos importar-nos com quem está próximo de nós, quer seja em casa, no trabalho ou na rua? Então, comecemos por criar amor por nós mesmos. Elevemos a nossa auto-estima e cultivemos conceitos e sentimentos positivos, como a transparência das nossas atitudes e a reconstrução daquilo que está errado à nossa volta; assim bem como a adopção de atitudes como a tolerância e o respeito pelos outros, para que eles nos possam respeitar, também. E como fazer isso? Começando pelo amor. Iniciemos com aquilo que escrevi ser difícil, num artigo do blogue Abrindo as Portas que há Em Nós, eliminar: a raiva, o ódio, e ainda a falta de compreensão e erradicar a falta de amor que temos por nós e pelos outros.
Importante para tudo isto é formatarmos as antigas crenças que nos foram implantadas no subconsciente e que fazem de nós verdadeiros autómatos ao serviço de interesses alheios às nossas vontades e ao bem-estar da humanidade. Torna-se necessário inserirmos no nosso disco rígido um novo programa imbuído de conceitos mais humanistas contendo sentimentos verdadeiros com menos recurso aos objectivos unicamente comerciais e financeiramente especulativos.
A base fundamental da nossa sociedade deve assentar em relacionamentos sociais sinceros e não naqueles meramente económicos e materiais.
João Galizes
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